Economia

Copom mostra cautela ao reduzir juros para 18,5%

A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de reduzir os juros em 0,25 ponto percentual sem viés -- para 18,50% ao ano -- confirmou as previsões mais conservadoras do mercado financeiro. As tesourarias dos principais bancos brasileiros esperavam um corte entre 0,25 e meio ponto percentual, com alguns otimistas esperando até uma queda de […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h42.

A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de reduzir os juros em 0,25 ponto percentual sem viés -- para 18,50% ao ano -- confirmou as previsões mais conservadoras do mercado financeiro. As tesourarias dos principais bancos brasileiros esperavam um corte entre 0,25 e meio ponto percentual, com alguns otimistas esperando até uma queda de 0,75 ponto percentual. "A redução de apenas 0,25 mostra que o BC mantém uma atitude cautelosa", diz um operador-sênior de um grande banco de varejo.

Pelas contas dos economistas, os membros do Copom poderiam justificar sem problemas uma queda mais acentuada das taxas. "O BC poderia ter sido mais agressivo em aproveitar a janela de oportunidade no mercado", diz Octávio de Barros, economista-chefe do BBV Banco.

Para Barros, o BC teria pelo menos três boas razões para um corte maior. A primeira, e principal, é a tranqüilidade da inflação. Os números das últimas semanas mostram índices sob controle, excetuando-se alguns preços de produtos agrícolas, cujas colheitas vêm sendo afetadas pelo excesso de chuvas.

A segunda justificativa é a melhoria do risco Brasil, indicada pelo custo de captação do dinheiro no exterior. "Desde a última reunião do Copom, em fevereiro, o risco Brasil já recuou 130 pontos-base (centésimos de ponto percentual)", diz Barros. Ou seja, o prêmio de juros dos títulos públicos brasileiros negociados no mercado externo está 1,3 ponto percentual menor do que estava em fevereiro.

A terceira justificativa é a recente "lua-de-mel" dos investidores com o mercado brasileiro. Nas últimas semanas, pelo menos três grandes empresas -- a Petrobras entre elas -- realizaram grandes captações de dinheiro no mercado externo. "O risco de problemas com a rolagem de dívidas em dólar está muito menor", diz Barros.

Somando tudo isso, o BC poderia ter sido bem mais agressivo em sua alteração dos juros. No entanto, o raciocínio que deve ter passado pelas cabeças econômicas em Brasília é que o humor dos mercados internacionais pode ser afetado por fatores incontroláveis, como os altos e baixos do calendário eleitoral e o desempenho da economia americana. Por isso, o BC mais uma vez trilhou o caminho mais seguro e preservou seu espaço para reduzir os juros mais tarde.

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