Economia

Copom inicia reunião nesta terça; mercado espera novo corte de 0,5 ponto percentual da taxa de juros

Os investidores devem observar os sinais que o colegiado dará sobre os próximos passos. Está será a sétima e penúltima reunião de 2023

Copom: colegiado deve reduzir a taxa de juros em 0,5 ponto percentual (Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)

Copom: colegiado deve reduzir a taxa de juros em 0,5 ponto percentual (Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 31 de outubro de 2023 às 05h01.

O Comitê de Política Monetária (Copom) inicia nesta terça-feira, 31, a reunião para discutir a taxa de juros brasileira. O consenso do mercado é que os diretores do Banco Central (BC) vão reduzir a Selic em 0,5 ponto percentual, para 12,25% ao ano. 

Uma pesquisa do BTG Pactual (mesmo grupo controlador da EXAME), com 61 agentes financeiros, divulgada na última sexta-feira, 27, aponta que 95% dos entrevistados esperam uma queda de meio ponto porcentual. Por isso, os investidores devem observar os sinais que o colegiado dará sobre os próximos passos. Está será a sétima e penúltima reunião de 2023.

Segundo relatório do Bank of America (BofA), o Copom deve destacar as incertezas criadas pelo cenário exterior, com a guerra entre Israel e Hamas no Oriente Médio. "O comitê deve destacar a incerteza do lado externo para manter o ritmo de afrouxamento monetário, apesar das condições internas favoráveis. A política monetária continua contracionista (mesmo com corte para 12,25%, juros reais chegariam a 8,0%) e bem longe dos 4,5% que o Banco Central vê como neutros", diz trecho do documento. 

O banco americano afirma ainda que o conselho deve olhar para o longo prazo quando deixar sinalizações sobre os próximos passos: "O horizonte de expectativas de inflação relevante para a decisão da taxa de juros deve ser ampliado: na última reunião, o conselho afirmou que 2024 foi totalmente considerado e 2025 foi considerado apenas em parte. Neste Copom, 2025 será totalmente considerado (lembre-se que 2025 mostra um comportamento benigno para a inflação, mas ainda acima da meta de inflação."

No encontro de setembro, o Copom repetiu que antevê redução de 0,50 ponto porcentual da taxa Selic nas próximas reuniões e que seria o ritmo apropriado para "manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário".

Na coletiva de imprensa do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), o presidente do BC, Roberto Campos Neto, acrescentou que a "barra" para acelerar ou reduzir o passo de corte está ligeiramente mais alta, sobretudo com os novos riscos derivados do cenário externo.

Focus na véspera do Copom

Desde a última reunião do comitê, os dados dos setores de serviços e varejo surpreenderam negativamente e apenas a balança comercial teve resultado positivo. Segundo o último Boletim Focus, divulgado na segunda-feira, 30, a projeção para a inflação oficial em 2023 passou de 4,65% para 4,63%, 3ª queda consecutiva. Para 2024, foco da política monetária, a projeção piorou de 3,87% para 3,90%. Há um mês, era de 3,87%.

No mesmo relatório, o mercado ainda projetou uma taxa de juros mais alta no fim do atual ciclo de corte, de 9% para 9,28% em 2024. Com a piora do cenário externo e com dúvidas sobre o fiscal, os economistas ouvidos semanalmente pelo Banco Central passaram a estimar um corte a menos na taxa básica de juros no próximo ano.

Fala de Lula pode impactar Selic?

A expectativa do mercado também será se a fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de que a meta fiscal de 2024 "não precisa" ser um déficit zero pode levar a autoridade monetária citar ata uma maior preocupação com o quadro fiscal do país. O principal temor dos gestores de recursos e de integrantes do Ministério da Fazenda é de que o governo abandone a responsabilidade fiscal, o que teria potencial para agravar a crise econômica. O aumento da percepção de risco pode, inclusive, frear o processo de redução de juros promovido pelo Banco Central (BC). O BC tem sinalizado claramente que o tamanho da queda de juros depende do avanço “da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária”.

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