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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h38.
O mercado é unânime em afirmar que o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciará um novo aumento da taxa básica de juros (Selic) ao término de sua 101ª reunião, nesta quarta-feira (20/10). Os economistas esperam que a taxa, atualmente em 16,25% ao ano, seja elevada em 0,25 ponto percentual, sem viés. Apesar dos sinais de que a inflação corrente está cedendo, os analistas apontam a preocupação do Banco Central (BC) em atingir a meta de 2005. O último relatório de mercado divulgado pela instituição mostra que a expectativa é que o IPCA do próximo ano atinja 5,81%, acima da meta de 5,1% do governo.
Segundo os economistas, os números de 2004 não justificariam uma nova alta da Selic. O IPCA, que bateu em 0,91% em julho, caiu para 0,69% em agosto e para 0,33% em setembro. Com a desaceleração, o mercado já reduziu sua expectativa de inflação para 2004, de 7,37%, há quatro semanas, para 7,16% no último relatório do BC. O IGP-10 de outubro, divulgado ontem, também confirmou a tendência de queda, registrando 0,23%, contra 1,25% em setembro.
A Tendências Consultoria observa que, no caso do IPCA, o núcleo do índice ficou praticamente estável entre agosto e setembro, pelo critério de médias aparadas por suavização, passando de 0,55% para 0,56%. Quando o critério adotado é o não suavizado, o núcleo apresentou forte recuo, de 0,53% para 0,38%. Mesmo quando se excluem os alimentos (item que mais contribuiu para a queda do IPCA em setembro), a conclusão é que a inflação está caindo, pois o núcleo também baixa de 0,55%, em agosto, para 0,40%.
Produção e contas públicas
A produção industrial também continua crescendo, mas os temores de que a falta de investimentos para a ampliação da capacidade instalada gerará pressões inflacionárias estão se dissipando, conforme a Tendências. Isto porque o aumento da produção de bens de capital indica que as empresas estão voltando a investir.
Já a empresa de gestão financeira Global Invest acrescenta que as contas públicas também estão em dia. O saldo das transações correntes acumulou um superávit de 8 bilhões de dólares até agosto. Em apenas oito meses, conforme a consultoria, o saldo de 2004 já é maior que todos os resultados anuais registrados no Brasil desde o início da contabilização das contas externas, em 1947.
Postura conservadora
Mesmo destacando os sinais positivos da economia, os analistas reconhecem que o Copom adotará uma postura conservadora e elevará os juros novamente. Essa postura teria sido indicada pela ata da última reunião do Copom, em que o comitê afirma que o aumento da Selic, em setembro, foi o início de um processo de ajuste gradual da inflação, a fim de que a meta de 5,1% traçada para 2005 seja cumprida.
A ata levou alguns analistas a apostarem que a elevação dos juros não parará até dezembro. É o caso da Global Invest, que espera novos aumentos de 0,25 ponto percentual nas reuniões de novembro e dezembro. Com isso, a Selic fecharia o ano em 17%.