Economia

Conversas sobre fundo de recuperação da UE pós-Covid têm impasse

Tema foi tratado por líderes em Bruxelas; sobre a mesa, está um pacote de 1,8 trilhão de euros para o próximo orçamento de longo prazo do bloco

Angela Merkel: chanceler alemã afirmou em comunicado que um acordo pode ser inalcançável no momento. (Francois Walschaerts/Reuters)

Angela Merkel: chanceler alemã afirmou em comunicado que um acordo pode ser inalcançável no momento. (Francois Walschaerts/Reuters)

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Reuters

Publicado em 19 de julho de 2020 às 18h13.

Um plano da União Europeia para impulsionar as economias abaladas pela pandemia de coronavírus entrou em impasse neste domingo, o terceiro dia de reuniões entre os membros, em meio a debates entre os líderes sobre a quantidade de gastos necessária para combater a crise.

A retomada das negociações em Bruxelas foi atrasada até pelo menos as 16h (no horário local), enquanto os 27 Estados-membros buscavam um acordo com os países nórdicos.

A chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou em comunicado que um acordo pode ser inalcançável no momento.

O seu colega austríaco, Sebastian Kurz, mais otimista, disse que é possível chegar ao acordo, mas que ainda “há um caminho pela frente” em termos de negociações no encontro, no qual todos os participantes usavam máscaras de proteção.

Sobre a mesa, está um pacote de 1,8 trilhão de euros para o próximo orçamento de longo prazo da UE, além de um fundo de recuperação para ajudar a Europa a sair de sua pior recessão desde a Segunda Guerra Mundial.

O fundo, que prevê 750 bilhões de euros e que seria obtido no mercado de capitais pela Comissão Europeia, braço executivo da UE, teria como foco principal os países mediterrâneos, que foram muito impactados pela crise.

Há dois pontos polêmicos: o tamanho do fundo e a divisão dele entre doações e empréstimos. Os países contrários, liderados pela Holanda, tentam limitá-lo, em uma disputa que salienta bem as diferenças entre o norte e o sul da Europa.

Há também dificuldade de acordo sobre ajudas no orçamento da UE para os países mais ricos, e um novo mecanismo legal que poderia interromper o auxílio para países que desrespeitam princípios democráticos.

O primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, cujo país se recuperava de uma crise fiscal que durou uma década quando a pandemia eclodiu, fez um apelo por unidade, dizendo que a UE não pode parecer “dividida ou fraca”.

Para alguns analistas, o encontro é um momento decisivo em quase 70 anos de bloco, e uma eventual incapacidade de se chegar a um acordo em meio a uma crise econômica e de Saúde sem precedentes pode levantar sérias questões sobre a viabilidade da União Europeia.

Há inclusive especulações entre os diplomatas da UE de que as negociações podem avançar até segunda-feira, embora seja mais provável que haja um novo encontro neste mês caso um acordo não seja alcançado.

(Por Gabriela Baczynska e Robin Emmott)

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