Economia

Contra COVID-19, Caixa e Banco do Brasil vão socorrer empresas e famílias

Medidas incluem aceleração da agenda de reformas e atuações do BC para conter o dólar e desenferrujar o canal de crédito e o reforço dos bancos públicos

Coronavírus: A Caixa vai reforçar as linhas de crédito para pessoa física e empresas (Victor Moriyama/Getty Images)

Coronavírus: A Caixa vai reforçar as linhas de crédito para pessoa física e empresas (Victor Moriyama/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 15 de março de 2020 às 12h16.

O plano conjunto do governo para enfrentar os efeitos da turbulência global - causada pelo surto do novo coronavírus e agravada com a tensão no mercado do petróleo - inclui a aceleração da agenda de reformas, atuações do Banco Central para conter o dólar e desenferrujar o canal de crédito e o reforço dos bancos públicos (Caixa e Banco do Brasil) em linhas de socorro a empresas e famílias.

Como resposta à crise, o ministro da Economia, Paulo Guedes, quer "blindar" os projetos prioritários e destravar as negociações políticas para as reformas emperradas até agora pelo embate em torno das regras do Orçamento de 2020.

Em reunião com todo o primeiro escalão da equipe econômica, na manhã de ontem, Guedes deixou claro que não tem "plano B" para a economia e que a estratégia é seguir com o plano inicial já traçado e aproveitar os ventos internacionais desfavoráveis para "aprofundá-lo".

"Não tem caminho sem as reformas", orientou aos seus principais auxiliares. Foi uma resposta à pressão de fora da equipe econômica para o governo dar estímulo fiscal e mudar o teto de gasto, regra que impede que as despesas aumentem em ritmo superior à inflação.

Em entrevista ao chegar ao ministério, procurou passar uma mensagem de tranquilidade no momento de maior tensão com a derrocada do preço do petróleo, após a Arábia Saudita anunciar aumento de produção em retaliação à Rússia. "Estamos absolutamente tranquilos, a equipe da Economia está tranquila. É uma equipe serena, experiente. Já vivemos isso várias vezes. Sabemos lidar com isso. Estamos absolutamente tranquilos, serenos. Então, é hora de justamente termos uma atitude construtiva. Os três Poderes, com serenidade, cada um resolvendo a sua parte", disse.

Guedes reforçou também ao presidente Jair Bolsonaro, que estava em viagem aos EUA, a importância neste momento de enviar as propostas de reforma administrativa - que reformula o "RH do Estado" - e o projeto de reforma tributária do PIS/Cofins. Em resposta, o presidente declarou que era leal à política liberal de Guedes. Mais tarde, pelo Twitter, Bolsonaro descartou aumento da Cide combustível como forma de compensar a perda na arrecadação com a queda abrupta no preço do petróleo. A medida foi cogitada por especialistas.

Ao longo do dia, Guedes manteve também contato com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, que de São Paulo comandou a reação do governo pela frente financeira dos mercados de câmbio e juros. Logo cedo, o diretor de Política Monetária, Bruno Serra, deu o "mapa" da reação do BC ao tsunami internacional, que chegou ao Brasil já na noite de domingo.

O diretor avisou que o BC usaria todos os instrumentos de atuação no mercado de câmbio em resposta ao choque externo: contratos de swaps e venda de dólares no mercado à vista. O que chamou a atenção do mercado foi a possibilidade de liberação de mais depósitos compulsórios, recursos que os bancos são obrigados a deixar no BC. Uma primeira liberação já havia sido anunciada, mas ainda não entrou em vigor. Serra disse que o BC tem todo o arcabouço de regulação prudencial para ser acionado em caso de necessidade, além de volume próximo de R$ 380 bilhões em compulsórios. Fontes do BC disseram ao jornal O Estado de S. Paulo que o recado estava dado.

Bancos Públicos

Numa terceira frente de ação, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal anunciaram que vão reforçar suas linhas de crédito para fazer frente à turbulência dos mercados globais. O presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, acenou com o reforço na oferta de linhas de crédito para atender à necessidade de capital de giro das empresas. Novaes disse que o BB está preparado para ser a "ponte" necessária para os nossos clientes e empreendedores nos momentos de volatilidade e de necessidade de capital de giro.

O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, antecipou ao jornal O Estado de S. Paulo que o banco vai reforçar as linhas de crédito para pessoa física e empresas, principalmente as do setor imobiliário. "É uma questão temporária e teremos reforço na parte das pequenas empresas e do crédito para pessoa física", disse ele.

Em meio à turbulência, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, cobrou de Guedes o envio das propostas de reforma administrativa e tributária ao Congresso. "Acho que o governo precisa comandar esse processo, deixar claro para todos os atores da sociedade, para os outros dois Poderes, o que ele pensa sobre a crise e a forma que a gente pode ajudar." Maia disse que o governo precisará de outras ações além das reformas para enfrentar a atual crise. Ele não quis especificar quais seriam essas ações. Na equipe econômica, a preocupação maior continua sendo com as articulações com o Congresso.

COLABORARAM AMANDA PUPO, IDIANA TOMAZELLI E CAMILLA TURTELLI

Acompanhe tudo sobre:BB – Banco do BrasilCaixaCoronavírusPaulo Guedes

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor