Economia

Consumo de importados atinge recorde, com presença de 22%

Câmbio desvalorizado e a falta de competitividade da indústria brasileira são motivos para recorde na participação de produtos estrangeiros no consumo nacional


	Compras: apesar da alta, gerente da CNI aposta em tendência de queda no próximo trimestre
 (Stock.XCHNG)

Compras: apesar da alta, gerente da CNI aposta em tendência de queda no próximo trimestre (Stock.XCHNG)

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Da Redação

Publicado em 14 de agosto de 2014 às 14h43.

São Paulo - A participação dos produtos estrangeiros no consumo nacional bateu novo recorde ao atingir 21,8% no segundo trimestre deste ano, segundo dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

A proporção é a maior desde 2007, quando a pesquisa teve início. Esse resultado reflete, de acordo com a entidade, o efeito do câmbio desvalorizado e a falta de competitividade da indústria brasileira.

O Coeficiente de Penetração das Importações de 21,8% representa um aumento de 1,2 ponto porcentual em relação à participação registrada no mesmo trimestre do ano passado. Os 22,5% registrados no primeiro trimestre deste ano, que representavam o resultado recorde, foram revisados para 21,7%.

Apesar da tendência de alta desse indicador registrada até agora, o gerente executivo de pesquisa e competitividade da CNI, Renato da Fonseca, aposta que a participação de produtos estrangeiros no consumo nacional começará a cair a partir do próximo trimestre. "A tendência de crescimento deve acabar. Nossa expectativa é que o efeito da desvalorização cambial se intensifique na decisão de importar e esse indicador comece a cair, porque está mais caro importar", afirmou.

Além do efeito do câmbio, segundo Fonseca, o alto índice de consumo de produtos importados registrado neste ano também reflete a falta de força da indústria nacional. "No mercado interno, você perde espaço para os importados, que ainda conseguem entrar, mesmo com a desvalorização do câmbio", afirmou.

Vendas externas

O Coeficiente de Exportação da Indústria, que avalia a participação das vendas externas no valor da produção industrial, ficou em 19,2% no segundo trimestre deste ano. Esse número representa uma alta de 0,5 ponto porcentual na comparação com o mesmo trimestre de 2013.

Segundo Fonseca, esse índice só não mostrou queda devido ao efeito do encarecimento do dólar. Na avaliação dele, a tendência é que o coeficiente de exportação apresente queda no próximo semestre, diante do atual quadro do comércio exterior brasileiro.

Os coeficientes de abertura comercial são feitos em parceria da CNI com a Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex) e são apresentados como dados anuais, estimados trimestralmente, a partir de estatísticas de produção do IBGE e de comércio exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

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