Economia

Consórcio de automóvel usado cresce 18% no 1º semestre

Esfriamento da economia trouxe uma série de indicadores negativos de vendas e produção no setor de veículos


	Venda de carros usados: proporção do aumento é maior do que as vendas em geral de usados
 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Venda de carros usados: proporção do aumento é maior do que as vendas em geral de usados (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

DR

Da Redação

Publicado em 28 de julho de 2014 às 09h22.

São Paulo - O esfriamento da economia trouxe uma série de indicadores negativos de vendas e produção no setor de veículos. Contra essa maré baixa, os carros usados estão em alta, ajudados por uma invenção brasileiríssima: o consórcio.

No primeiro semestre, o número de carros usados financiados por essa modalidade cresceu 18% em relação ao mesmo período de 2013, para 103 mil unidades, segundo dados da Cetip. A proporção do aumento é maior do que as vendas em geral de usados, que fecharam o semestre com alta de 4,6%.

"O consórcio é um modelo de autofinanciamento em que todos os participantes se ajudam até que todas as partes adquiram o bem desejado", resume Paulo Rossi, presidente da Associação Brasileira das Administradoras de Consórcios (Abac). Nessa lista entram carros, imóveis, eletrodomésticos e, mais recentemente, até serviços, como viagens, procedimentos médicos e casamentos.

Para participar de um consórcio, os consumidores devem procurar uma administradora cadastrada pelo Banco Central e entrar num grupo com o valor da carta de crédito do bem desejado. A vantagem em relação às linhas tradicionais de financiamento está no custo menor. A partir daí, o comprador começa a pagar parcelas mensais e só terá direito ao crédito para aquisição do bem quando for contemplado, seja por sorteio, lance, ou quando chegar o prazo final para que todos sejam beneficiados. Atualmente, 21% de todo o crédito do sistema financeiro para compra de veículos é proveniente do sistema de consórcios, segundo os dados mais recentes do Banco Central.

Educação financeira

Mas apesar de a opção estar em alta para quem busca o veículo próprio, especialistas alertam que o consórcio pode não ser vantajoso em todos os casos. A falta de educação financeira do brasileiro é o que explica em boa parte a popularidade perene dos consórcios, na opinião do professor de finanças do Ibmec/RJ, Nelson de Sousa. Ao mesmo tempo em que força uma poupança, o consórcio pode significar perda de poder de compra, alerta o professor. "O consórcio acaba sendo uma boa opção só para quem é sorteado logo no início", diz.

Isso não elimina, lembra Sousa, as vantagens comparativas em relação a outras linhas de financiamento, como o Crédito Direto ao Consumidor (CDC). Isso acontece porque os juros para aquisição de veículos e outros bens via CDC costumam ser maiores do que o total de taxas cobradas para quem participa de um consórcio. "O consórcio é um crédito mais fácil", afirma Hélio Dias, diretor da Bradesco Consórcio. Segundo o executivo, um atrativo é a parcela mensal, que no Bradesco sai a partir de R$ 291.

O problema é que, se o cotista não for contemplado de imediato, o dinheiro pago mês a mês poderia ser utilizado de maneira mais rentável. "Se o investidor pegar esse dinheiro e usar em uma aplicação qualquer, ou até na poupança, ele pode chegar lá na frente, no final do consórcio, com um valor até maior do que o registrado na carta de crédito obtida pelo consórcio", afirma Dias.

Planejamento

De todo modo, o consórcio não deixa de ser uma opção interessante para quem não tem o hábito de poupar e se planejar para adquirir um bem. "A grande vantagem é disciplinar as pessoas para realizar uma poupança mensal. Esse é um problema do Brasil, não há muita disciplina em relação ao dinheiro", afirma Sousa.

Uma saída para driblar essa desvantagem, em caso de demora na contemplação, é ter dinheiro reservado para efetuar lances mensais e não depender da sorte. Os lances devem obedecer a um porcentual do valor do consórcio. Se ultrapassar as demais ofertas, o consumidor recebe a carta de crédito.

Acompanhe tudo sobre:AutoindústriaCarroscarros-usadosConsórcioseconomia-brasileira

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor