Economia

Conab reduz safra de soja e Brasil tem ameaçada liderança

O país ainda deve ficar atrás dos Estados Unidos na produção mundial de soja


	A Conab reduziu a estimativa de safra do país em cerca de 1,3 milhão de toneladas
 (Divulgação)

A Conab reduziu a estimativa de safra do país em cerca de 1,3 milhão de toneladas (Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 7 de março de 2013 às 17h53.

São Paulo - Brasil e Estados Unidos ficaram rigorosamente empatados na produção de soja da temporada 2012/13 após a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgar sua nova projeção para a safra nesta quinta-feira, sinalizando que os brasileiros poderão ter que esperar mais para assumir pela primeira vez a liderança global na colheita da oleaginosa.

A Conab reduziu a estimativa de safra de soja do Brasil para exatos 82,06 milhões de toneladas, baixa de cerca de 1,3 milhão de toneladas ante a projeção de fevereiro, enquanto a produção norte-americana na mesma temporada é estimada pelo governo dos EUA em 82,06 milhões de toneladas.

A diferença entre um país e outro é que o Brasil só havia colhido pouco mais de um terço de sua safra até o início da semana, segundo consultorias privadas, enquanto os Estados Unidos já colheram a sua produção de 2012/13. Ou seja, os números norte-americanos estão consolidados enquanto os brasileiros podem mudar.

"Existe uma forte possibilidade de isso acontecer (o Brasil ainda ficar atrás dos EUA), vai ser o famoso 'nadar, nadar e morrer na praia'", disse nesta quinta-feira à Reuters o diretor da consultoria Céleres, Anderson Galvão, ao ser questionado sobre o assunto.

A Céleres estima uma produção de 80,1 milhões de toneladas para o Brasil e tem uma das menores previsões entre aquelas empresas que fazem levantamentos de safra.

"E é importante dizer que eles (norte-americanos) tropeçaram no ano passado", disse o analista, lembrando que os EUA sofreram uma quebra de safra, atingidos pela pior seca em mais de meio século no país em 2012.

Segundo Galvão, o Brasil não teve os problemas graves de seca verificados especialmente no Sul do país no ano passado --quando a produção caiu para aproximadamente 66 milhões de toneladas--, mas também não registrou em 2013 um clima excelente, vendo excesso de chuvas em alguns Estados e estiagem em outros.


"A minha leitura é que a safra de soja do Brasil, longe de dizer que ela será ruim, não terá recorde em termos de produtividade", afirmou Galvão.

A safra brasileira está estimada para ser recorde, superando o pico de 75,3 milhões de toneladas de 2010/11, mas o rendimento por hectares ficou aquém do potencial.

Além de alguns problemas climáticos, Galvão disse que o Brasil incorporou mais de 2 milhões de hectares de áreas novas para a soja, e essas regiões tendem a produzir menos que outras mais tradicionais nos primeiros anos.

"A minha leitura, desde janeiro, é de não acreditar em produção de 85 milhões de toneladas como alguns estão falando. A produtividade está melhor que o ano passado, mas bem aquém do que as pessoas estavam ou ainda estão projetando", disse.

Na sexta-feira, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) deverá atualizar suas projeções mensais para a oferta e demanda global e poderá trazer novidades para a safra brasileira. O USDA estima a safra nacional em 83,5 milhões de toneladas.

No levantamento divulgado nesta quinta-feira, a Conab fez ajustes relevantes especialmente em Mato Grosso (-300 mil toneladas ante projeção de fevereiro), Mato Grosso do Sul (-260 mil t) e Bahia (-600 mil t).

Acompanhe tudo sobre:CommoditiesConabEmpresas estataisMinistério da Agricultura e PecuáriaSafras agrícolasSoja

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor