Taxa de contágio de covid-19 no Rio aumenta em semana com menor isolamento (Andre Coelho/Getty Images)
Ligia Tuon
Publicado em 17 de julho de 2020 às 19h18.
Última atualização em 17 de julho de 2020 às 21h33.
A América do Norte superou mais uma vez a América do Sul na média móvel dos últimos sete dias nesta semana, algo que não acontecia desde que Nova York, que viveu o ápice da pandemia de março e junho, começou a controlar o avanço do vírus no estado, mostra relatório da EXAME Research sobre a reabertura entre as principais economias do mundo.
A piora do cenário faz retroceder mais uma vez o processo de abertura econômica na região no início de julho, como aconteceu na Califórnia. O estado voltou a fechar estabelecimentos há alguns dias após novo pico. Além dele, Flórida e Texas também vêm chamando bastante a atenção:
“Lembrando que Nova York, Texas, Flórida e Califórnia são justamente os estados de maior representatividade no PIB americano (mais de 30%) e geram preocupação”, diz Arthur Mota, economista da EXAME Research.
“Talvez o possível pacote fiscal que deverá sair até o final do mês possa trazer um novo gás para o consumo das famílias americanas”, diz. O governo americano pretende regulamentar em julho uma nova legislação com estímulos contra os impactos da pandemia.
Evolução de novos casos em contexto continental estava concentrada na América do Sul, mas a partir de junho a América do Norte voltou a se destacar A casa de análise mapeou em relatório onde a reabertura da economia acelerou com mais força neste mês.
No caso do México, o relatório destaca o arrefecimento da recuperação dos níveis de mobilidade, com redução nos seis fluxos acompanhados (lazer, mercado, parques, transporte público, local de trabalho e residência). O maior destaque segue para o caso do transporte público, com queda de 42% na comparação com o nível de janeiro.
No Brasil, o índice de isolamento estacionou desde o início de julho, gravitando entre 40% e 41%, mas de forma bem diversificada entre os estados. O destaque negativo é do Piauí, com índice em 43,45%. Na outra ponta, com as maiores flexibilizações, estão Tocantins (35%) e Goiás (36%).
Um cenário mais controlado nas capitais do Rio e de São Paulo trazem certo alívio para a economia: "O fato de parecerem mais tranquilas tem bastante relevância para a reabertura, principalmente de serviços, que é o setor que mais está apanhando na pandemia", diz Mota. O Rio de Janeiro entrou nesta sexta-feira na fase 4 de reabertura, voltando a permitir, por exemplo, a prática de esportes coletivos na praia durante a semana.
Já São Paulo ainda está na fase 3, mas, muito embora cidades do interior ainda preocupam as autoridades, o número de casos está estável desde que o governo decretou a reabertura do comércio no início do mês.
As duas regiões metropolitanas — onde o número de casos, embora em níveis altos, mostra estabilidade — são centros gravitacionais de atividade econômica, explica o economista. E, por isso, não movimentam apenas os serviços internamente mas também de outras regiões.
Ainda deprimidos, os serviços estão tendo mais dificuldade de reagir em comparação ao comércio e à indústria, que mostraram o começo de uma recuperação nos dados de atividade de maio, quando já deu para ver o impacto positivo vindo do auxílio mensal de 600 reais para o varejo.
Em termos de mobilidade, o Brasil segue cerca de 30% abaixo do nível verificado em janeiro, mas segue em ritmo de recuperação na última semana, diz o relatório.
De forma geral, a Europa vai muito melhor no processo de reabertura econômica do que o resto do mundo ocidental: "Nenhum headline extremamente negativo de segunda onda nas últimas semanas, e os indicadores de mobilidade urbana estão melhorando de forma significativa, sobretudo por causa do verão europeu", diz Mota.
O relatório destaca que o processo de reabertura segue avançando no Reino Unido, com recuperação no fluxo de pessoas no transporte, embora ainda 40% abaixo do nível pré-pandemia. O home office ainda parece bem penetrado na ilha.
Na França, a mobilidade em mercados e farmácias superou o "normal" neste início de junho (de 1,7% para 5%), destaca o relatório. Os índices também indicam um forte afrouxamento do home office, com fluxo em residência saindo de 3,85% para 2,57%.
Já a Itália continua sendo o principal exemplo positivo, onde o fluxo em locais de trabalho estão apenas 20% abaixo do nível do começo do ano.