Mulher faz contas de dívidas (moodboard/Thinkstock)
João Pedro Caleiro
Publicado em 30 de setembro de 2017 às 08h00.
Última atualização em 30 de setembro de 2017 às 08h00.
São Paulo - As famílias nas capitais brasileiras perderam renda e mesmo assim conseguiram diminuir seu envidamento no auge da recessão.
É o que mostra a sétima edição da Radiografia do Endividamento das Famílias Brasileiras, realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) com dados do Banco Central do Brasil, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
De dezembro de 2014 a dezembro de 2016, o número de famílias cresceu 1,6% mas o rendimento total delas caiu 0,1%, levando a renda média mensal familiar de R$ 4.256,63 para R$ 4.187,78.
Já a proporção de famílias endividadas, que cresceu de 59% para 61% entre 2014 e 2015, caiu impressionantes 4 pontos percentuais no ano seguinte para 57%.
Isso significa que 280 mil famílias deixaram de estar endividadas, levando o total nesta situação para 8,868 milhões em dezembro de 2016.
"Quando o quadro econômico passou a sinalizar para instabilidade e dificuldades de crescimento, imediatamente as famílias passaram a adotar atitudes mais conservadoras e austeras no padrão de seu consumo, evitando o comprometimento da renda futura e antecipando a deterioração da confiança quanto à sua capacidade de manutenção do poder de compra e até mesmo do emprego", explica o material da Fecomercio.
Com menos famílias endividadas nas capitais, o valor total mensal dessas dívidas caiu cerca de R$ 1 bilhão (ou 6%) em valores reais, passando de R$ 16,8 bilhões em 2014 para R$ 15,8 bilhões em 2016.
No final de 2015, uma família devia em média R$ 1.851. No final de 2016, esse valor estava em R$ 1.777.
A Fecomercio classifica como "razoavelmente adequada" a taxa de comprometimento médio da renda mensal das famílias com dívidas, que segue na casa dos 30%.
A Fecomercio nota também que como os gastos públicos sobem de forma inercial, o foco no combate aos aumentos de preços durante a crise econômica brasileira ficou a cargo quase exclusivamente de um aperto da política monetária com forte alta dos juros.
As taxas de juros finais às pessoas físicas passaram de 49,3% em dezembro de 2014 para 72,4% em dezembro de 2016 e com isso as famílias fugiram do endividamento.
"A taxa de juros representa um elemento relevante no total do orçamento doméstico e, mesmo de forma inconsciente, os consumidores estão evitando o superendividamento. Sob a ótica da saúde financeira e do controle das dívidas das famílias brasileiras, os resultados consolidados obtidos são positivos e alentadores", diz a Fecomercio.
Veja quais foram as 5 capitais com maior porcentual de famílias endividadas no final de 2016:
Curitiba/PR – 87%
Florianópolis/SC – 86%
Boa Vista/RR – 83%
Brasília/DF – 78%
Natal/RN – 75%
E as 5 capitais com maior porcentual de famílias endividadas:
São Paulo/SP – 52%
Salvador/BA – 51%
Belém/PA – 42%
Goiânia/GO – 27%
Belo Horizonte/MG – 24%
As 5 capitais com maior parcela da renda mensal comprometida com dívidas:
Manaus/AM – 43%
Boa Vista/RR – 42%
Teresina/PI – 37%
Natal/RN – 37%
Brasília/DF – 36%
E as 5 capitais com menor parcela da renda mensal comprometida com dívidas:
Vitória/ES – 26%
Macapá/AP – 24%
Belém/PA – 21%
Aracajú/SE – 18%
João Pessoa/PB – 15%