Comissão Europeia acha pacto com Mercosul prejudical
Bruxelas - A Comissão Europeia (CE) reconhece que um acordo de associação entre a União Europeia e o Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) poderia trazer "grandes perdas" para a agricultura comunitária, segundo um documento interno ao que teve acesso a Agência Efe. No texto extra-oficial, estão os cálculos dos serviços agrícolas da CE sobre […]
Da Redação
Publicado em 6 de maio de 2010 às 10h58.
Bruxelas - A Comissão Europeia (CE) reconhece que um acordo de associação entre a União Europeia e o Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) poderia trazer "grandes perdas" para a agricultura comunitária, segundo um documento interno ao que teve acesso a Agência Efe.
No texto extra-oficial, estão os cálculos dos serviços agrícolas da CE sobre o impacto de um eventual acordo nos setores como na criação de gado, suínos e aves, e menciona vários países afetados.
Conforme outras fontes europeias, existem relatórios indicando que cinco autonomias espanholas seriam prejudicadas: a Cantábria e Astúrias pelas importações de bovino, e Múrcia, Aragão e Navarra pelas concessões ao suíno do Mercosul.
As negociações entre a UE e o Mercosul estão paradas desde 2004, sobretudo pelas divergências na agricultura, e a CE propôs reativá-las.
Espanha, como Presidência espanhola de turno da União, pretende que na cúpula da UE-América Latina e Caribe, que será realizada em Madri nos dias 17 e 18, se impulsione um compromisso para concluir um tratado em um futuro próximo com o bloco latino-americano.
Os países do Mercosul figuram entre os "produtores agrícolas mais competitivos do mundo" e qualquer abertura de mercado aos seus envios "agravaria o desequilíbrio" que já há com as exportações da UE nesse âmbito, conforme dados dos serviços agrícolas da CE.
Pelos cálculos, as perdas para a agricultura e a pecuária da UE ficariam entre 3 bilhões de euros e 13,5 bilhões de euros.
"A competitividade agrícola do Mercosul é especialmente marcada nos setores mais sensíveis para a UE: carne bovina, suínos e aves, etanol e açúcar", segundo o documento.
"Isto se explica pelas diferenças nos custos de produção, mão-de-obra, as condições meteorológicas e as exigências para os produtores - que não impomos a nossos sócios", segundo a mesma fonte.
Brasil é o primeiro fornecedor de carne de bovina e de ave à UE, Argentina e Uruguai também são abastecedores importantes, mas o Mercosul não vende agora à UE carne suína.
Nas discussões com Mercosul, o bloco reivindica à UE um melhor acesso para seus bens agrícolas, enquanto Bruxelas pede uma maior abertura de mercado para os produtos industriais e os serviços europeus.
O texto lembra que em anteriores negociações, Mercosul já tinha grandes reivindicações para aumentar sua cota de importação de bovino e de aves à UE, por isso que espera-se que se restabeleçam as conversas o bloco peça mais.
"As perdas são muito importantes e implicariam no fechamento de explorações agrícolas europeias", embora seu impacto seja acentuado em algumas regiões.
O texto menciona oito países: Irlanda, Luxemburgo, Reino Unido, Bélgica, Áustria, Eslovênia, França e Suécia, no caso de carne bovina; nas aves estão Hungria, Chipre e Polônia.