Combustíveis fósseis estão na mira do "desinvestimento"
Compromissos de desinvestimento em combustíveis fósseis passam a marca dos US$ 3,4 trilhões na COP21
Vanessa Barbosa
Publicado em 3 de dezembro de 2015 às 18h24.
São Paulo - Investidores, empresários e entidades do mundo todo estão bem atentos às pressões sociais e políticas em torno das mudanças climáticas.
Prova disso é a crescente adesão à campanha global que visa o abandono dos investimentos em combustíveis fósseis, para reduzir as emissões dos gases vilões do aquecimento global .
Segundo o 350.org e a Divest-Invest, duas organizações que coordenam este movimento, mais de 500 instituições que representam cerca de US$ 3,4 trilhões em ativos já se comprometeram a reduzir os investimentos no setor e transferi-los para a energia renovável .
O anúncio, feito no terceiro dia da COP21 , a conferência das Nações Unidas sobre Clima, que acontece em Paris, representa um sinal positivo de que é póssível mover o mundo em direção a uma economia de baixo carbono.
Um dos pilares da coalização Global Divest-Invest, lançada em 2012, é o argumento de que o investimento na indústria de petróleo, gás e carvão é um perigo tanto para o clima quanto para o capital dos investidores.
A adesão ao movimento cresce a um ritmo notável. Em setembro de 2014, 181 instituições, representando US$ 50 bilhões em ativos, tinham aderido ao compromisso de desinvestimento.
Em 21 de setembro deste ano, durante a Semana do Clima, em Nova York, este número havia saltado para 400 instituições, representando U$$ 260 bilhões sob gestão.
E agora, 10 semanas depois de NY, mais 100 instituições aderiram aos compromissos, elevando para mais de 500 o total de signatários da campanha e somando mais de US$ 3 trihões em ativos.
Um dos signatários mais notáveis do movimento é o Rockefeller Brothers Fund, entidade internacional criada pela família que fez fortunas no setor de petróleo.
As instituições que aderiram à campanha de desinvestimento esperam que suas ações possam pressionar os governos reunidos na COP21 a fazerem o mesmo, ou seja, tirar as finanças públicas dos combustíveis fósseis em prol de soluções climáticas.
Outras vozes, incluindo muitos dos países mais vulneráveis do mundo, pedem que o acordo de Paris envie um sinal claro de que a era dos combustíveis fósseis chegou ao fim e o novo tempo das energias renováveis é irreversível.
É preciso reconhecer que o desafio é ambicioso. Um estudo divulgado recentemente mostra que os governos dos principais países industrializados fornecem mais de US$ 450 bilhões por ano para apoiar a produção de combustíveis fósseis.
Isso é quase quatro vezes os subsídios mundiais para a expansão das energias renováveis, que totalizou US$ 121 bilhões em 2013, segundo dados da Agência Internacional de Energia (AIE).
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