Economia

Com hiperinflação, pobreza na Venezuela escala a 87%, diz estudo

A Venezuela teve, em 2017, inflação de 2.600%, segundo o Parlamento, de maioria opositora, enquanto o FMI projeta em 13.000% para 2018

Venezuela: "Após quatro anos ininterruptos de crises, a deterioração foi monumental", destacou a socióloga (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)

Venezuela: "Após quatro anos ininterruptos de crises, a deterioração foi monumental", destacou a socióloga (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)

A

AFP

Publicado em 21 de fevereiro de 2018 às 21h15.

A pobreza na Venezuela chegou a 87% da população em 2017, graças a hiperinflação que pulverizou a renda, segundo um estudo das principais universidades do país e de várias ONGs divulgado nesta quarta-feira (21).

A pobreza ficou em 25,8% e a pobreza extrema em 61,2% - frente a 30,3% e 51,5% de um ano antes, respectivamente - indicou a Pesquisa sobre Condições de Vida na Venezuela (Encovi).

"A maioria dos venezuelanos ficam abaixo de uma linha de pobreza, porque os salários não podem alcançar a velocidade da inflação", explicou a socióloga María Ponce ao apresentar os resultados.

Em seu relatório mais recente, de 2016, o governo do presidente Nicolás Maduro situava a pobreza em 18,1% e a pobreza extrema em 4,4%.

A Venezuela teve, em 2017, inflação de 2.600%, segundo o Parlamento, de maioria opositora, enquanto o Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta em 13.000% para 2018.

A pesquisa, realizada entre julho e setembro em 6.188 lares, revelou que 56,2% caíram, recentemente, para a pobreza, enquanto 30,4% se encontram em "pobreza crônica", o que "implica a pulverização da classe média em termos econômicos", disse Ponce.

"Após quatro anos ininterruptos de crises, a deterioração foi monumental", destacou a socióloga ao indicar que, entre 2014 e 2017, a pobreza escalou de 48,4% a 87%.

O salário mínimo de 797.510 bolívares hoje compra pouco mais de dois quilos de carne.

A perda do poder aquisitivo implica que 8,2 milhões de venezuelanos - de uma população de 30 milhões - tenham duas, ou menos, refeições ao dia", apontou Marianella Herrera, da Universidade Central da Venezuela (UCV, pública).

"Nova de cada dez venezuelanos não podem pagar sua alimentação diária" e 60% "perderam 11 quilos (do peso) no último ano por fome", submetidos a uma dieta onde prevalecem mandioca, arroz e farinha, acrescentou Herrera.

Maduro, que almeja a reeleição no pleito de 22 de abril, atribui a crise a uma "guerra econômica" para derrubá-lo. Há quase dois anos ele criou um plano de distribuição de alimentos subsidiados, que, segundo disse, beneficia 6 milhões de famílias.

Ele também criou o "carnê da pátria", cartão de crédito para acessar programas que sociais que teria 16 milhões de inscritos.

Segundo a Encovi, essas iniciativas praticamente desapareceram para se concentrar no programa alimentar, que beneficia 12,6 milhões de pessoas, embora a entrega de produtos seja irregular.

Acompanhe tudo sobre:Crises em empresasInflaçãoPobrezaVenezuela

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor