Economia

Com guerra tarifária, produtos brasileiros ficarão mais baratos nos Estados Unidos, diz Haddad

Segundo o ministro da Fazenda, os indicadores econômicos atuais do país mostram que o Brasil está pronto para enfrentar qualquer solavanco internacional

Fernando Haddad: segundo o ministro da Fazenda, guerra tarifária iniciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra a China visa garantir a hegemonia global da maior economia do mundo (Agência Brasil)

Fernando Haddad: segundo o ministro da Fazenda, guerra tarifária iniciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra a China visa garantir a hegemonia global da maior economia do mundo (Agência Brasil)

Antonio Temóteo
Antonio Temóteo

Repórter especial de Macroeconomia

Publicado em 8 de abril de 2025 às 18h00.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira, 8, que a guerra tarifária global em curso na economia tornará os produtos brasileiros mais baratos nos Estados Unidos. Na prática, o Brasil terá condições de exportar mais para a maior economia do mundo.

“Eu acredito que sim [o Brasil se beneficia da guerra tarifária] porque nossos produtos lá no mercado dos Estados Unidos vão ficar mais baratos, por definição. Teremos produtos mais baratos para vender. Se não estou enganado, as tarifas substituíram a política de cotas duras. Podemos avançar no que eles importam hoje”, disse, durante participação em evento do Bradesco BBI, em São Paulo.

Haddad também afirmou que o país, no quadro geral, está bem. Segundo ele, o país não tem dívida externa, tem reservas internacionais, tem saldo comercial robusto e está colhendo uma supersafra. Todos esses indicadores mostram, segundo o ministro, que o Brasil está pronto para enfrentar qualquer solavanco econômico.

“O Brasil está com taxa de juros alta e ainda crescendo. Eu diria que os graus de liberdade que têm as autoridades econômicas no Brasil não são comuns. Não é o caso de nenhum país latino-americano. Relativamente, diante do incêndio, estamos mais perto da porta de saída do que os nossos pares”, disse.

Corrida pela hegemonia

A guerra tarifária iniciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra a China visa garantir a hegemonia global da maior economia do mundo.

“Não estamos falando de economia, mas sim de hegemonia. Ali, os Estados Unidos não têm olhos para a América Latina e para a Europa. Ele só olha para a China. É um conceito caro para a economia-política que é o conceito de hegemonia. Os Estados Unidos perceberam que ganharam dos aliados a corrida da globalização, mas viram crescer uma potência militar e econômica que, pela primeira vez, é um desafio concreto. A China é uma potência que os Estados Unidos se deparam pela primeira vez”, disse.

Segundo Haddad, todas as cadeias globais serão alteradas com essa guerra tarifária entre China e Estados Unidos. Segundo ele, ainda não é possível estimar os efeitos econômicos e políticos, mas mudanças serão profundas.

“É uma fantasia imaginar que os Estados Unidos vão começar a produzir amanhã o que, hoje, eles importam. Isso não vai mudar nada com tarifas. Se fosse possível virar uma chave e dizer que os navios produzidos na China serão produzidos nos Estados Unidos, ainda assim seria difícil acreditar. A economia vai reagindo de acordo com os estímulos e existe um tempo para isso acontecer”, disse.

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