Economia

Com crise na JBS, governo deve incentivar pequenos frigoríficos

A decisão foi tomada depois da delação dos donos da JBS, a maior empresa de carnes do mundo, que provocou uma crise envolvendo o presidente Michel Temer

Frigoríficos: os dois principais frigoríficos brasileiros, JBS e Marfrig, receberam um grande empurrão do BNDES para fazer aquisições de empresas menores (Pablo Sanhueza/Reuters)

Frigoríficos: os dois principais frigoríficos brasileiros, JBS e Marfrig, receberam um grande empurrão do BNDES para fazer aquisições de empresas menores (Pablo Sanhueza/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 26 de maio de 2017 às 08h36.

Cuiabá - O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, afirmou nesta quinta-feira, 25, que o governo estuda meios para estimular que grupos pequenos e médios ocupem espaços no mercado de carnes e reduzam a concentração no setor.

Maggi explicou que seu ministério já mapeia plantas industriais que estão fechadas para uma possível reativação. A informação vem depois da delação dos donos da JBS, a maior empresa de carnes do mundo, que provocou uma crise envolvendo o presidente Michel Temer.

"Sempre me preocupei, como ministro e produtor, com o tamanho que a JBS atingiu no Brasil e sempre fui um crítico do governo e do BNDES de ter proporcionado essa concentração. Vivemos um momento delicado, estamos fazendo um levantamento e vamos tentar estimular outros grupos a irem ao mercado", afirmou Maggi no seminário "A Força do Campo", organizado pelo banco Santander e pelo governo de Mato Grosso.

Nos últimos anos, impulsionado pela política do governo federal, nas gestões de Lula e Dilma, de criar grupos "campeões nacionais", a concentração no setor de carnes aumentou consideravelmente.

Os dois principais frigoríficos brasileiros, JBS e Marfrig, receberam um grande empurrão do BNDES para fazer aquisições de empresas menores e provocar uma consolidação no setor.

A política sempre recebeu muitas críticas de especialistas, por dar condições desiguais de crescimento para alguns grupos escolhidos pelo governo.

Segurança

O ministro, que retornou na última terça-feira de uma missão ao Oriente Médio, admitiu que os compradores estão preocupados com concentração do mercado de carnes em mãos de poucas empresas, o que pode gerar problemas de segurança alimentar caso haja problemas como o ocorrido com a JBS.

"O Brasil precisa reavaliar isso." Já há problemas aparecendo, por exemplo, com os criadores de gado, que começam a temer vender seu produto para a JBS. O ministro não disse, no entanto, como poderia ser feito o incentivo a outros grupos para entrarem no mercado.

Maggi reafirmou, ainda, que houve perda de confiança de clientes com a carne brasileira, após a Operação Carne Fraca, e admitiu que outras investigações devem ocorrer.

"A operação Carne Fraca continua e muito provavelmente teremos outras etapas. O ministério apoia a Polícia Federal e precisaremos estar muito atentos para não ter problemas de qualidade."

O ministro disse ainda que, com a crise recente e a dificuldade de o governo reagrupar a base no Congresso, "não há mais ambiente" para que o projeto de compra de terras por estrangeiros inicie tramitação. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:Delação premiadaJBSMichel TemerMinistério da Agricultura e Pecuária

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor