CNI: Juro e inflação menores devem deixar Brasil competitivo
Brasil ocupa penúltimo lugar em competitividade em ranking da CNI, entre 18 países
Estadão Conteúdo
Publicado em 19 de janeiro de 2017 às 14h34.
Brasília - A redução da taxa básica de juros e o controle da inflação devem ajudar o Brasil elevar sua competitividade.
De acordo com o gerente executivo de Pesquisa e Competitividade da Confederação Nacional da Indústria ( CNI ), Renato da Fonseca, a melhora das condições macroeconômicas já está em curso e pode colaborar para que o País recupere posições no ranking de competitividade divulgado pela entidade.
Na lista de 18 países avaliados pela CNI, o Brasil ficou na penúltima posição, à frente apenas da Argentina. Dos nove critérios que fazem parte do levantamento, a pior colocação foi no quesito "disponibilidade e custo de capital".
"O Brasil é o país com a maior taxa de juros do mundo e o maior spread bancário. Precisamos trabalhar muito nesses fatores. Felizmente, vemos o início da solução disso, com o Banco Central (BC) começando a reduzir os juros", afirmou.
O diretor de Políticas e Estratégia da CNI, José Augusto, disse que a expectativa da entidade é que a Selic fique abaixo dos dois dígitos até o fim deste ano.
"Podemos ter alguma mudança no ranking com os avanços na área fiscal, o combate à inflação e a taxa de juros em queda", disse. "O Brasil está absolutamente fora da curva na questão dos juros."
A melhor colocação do Brasil no ranking foi na educação, com o 9.º lugar dentre os 18 países. Segundo Fonseca, essa posição está relacionada aos gastos do governo com educação, que atingiram 6,4% do PIB. No entanto, esse volume de investimentos não se reflete na qualidade do ensino.
Fonseca explicou que, no programa internacional de avaliação de estudantes (PISA) de 2015, o País ficou com a 12.ª posição entre 14 países. "Há um problema de gestão. Precisamos fazer com que esse gasto gere resultados eficientes", afirmou.
Também chamou a atenção a posição do Brasil no subitem disponibilidade e custo de mão de obra, em que o Brasil ficou com o 11.º lugar.
De acordo com Fonseca, embora a desvalorização do real frente ao dólar tenha tornado os salários mais baratos, a baixa produtividade do trabalhador brasileiro teve um peso maior nesse quesito.
Na prática, isso significa que é preciso mais pessoas para cumprir um mesmo trabalho no Brasil do que em outros países.
Apesar das medidas de ajuste fiscal, Fonseca destacou que o governo pode adotar algumas políticas que auxiliem na competitividade sem aumentar gastos. Ele citou como exemplo ações que reduzam a burocracia e que melhorem a legislação e o ambiente de negócios na área de concessões públicas. "Isso traz investimento privado sem aumentar os gastos da União", disse.
Fonseca mencionou também a importância da assinatura de acordos internacionais que facilitem os negócios dos exportadores. "Precisamos exportar mais e produzir mais aqui dentro para gerarmos mais trabalho e mais renda", afirmou.
Augusto ressaltou ainda que a aprovação da reforma da Previdência teria impacto "extraordinário" para o País, com a melhoria da relação dívida/PIB no médio e longo prazo.