Economia

Classe média foi a que mais sentiu a inflação em 2021

Entre as famílias de renda média-baixa, a inflação foi quase 10% maior no ano passado do que entre os mais ricos

A inflação na população de renda média-baixa foi de 10,40% em 2021. (Leandro Fonseca/Exame)

A inflação na população de renda média-baixa foi de 10,40% em 2021. (Leandro Fonseca/Exame)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 18 de janeiro de 2022 às 12h25.

Última atualização em 19 de janeiro de 2022 às 11h14.

As famílias de renda média foram as que mais sentiram o aumento nos preços da economia em 2021. No entanto, a inflação também alcançou o nível de dois dígitos entre os mais pobres, informou nesta terça-feira, 18, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A inflação percebida pelo grupo de renda muito baixa no ano passado foi aproximadamente 6% maior do que a sentida pela alta renda, segundo o Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda. Entre as famílias de renda média-baixa, a inflação foi quase 10% maior no ano passado do que entre os mais ricos.

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A inflação acumulada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e usado pelo Ipea para fazer o cálculo da inflação por faixa de renda, foi de 10,06% em 2021. Para as famílias de renda muito baixa, o resultado ficou em 10 08%; de renda baixa, 10,10%; de renda média-baixa, 10,40%; de renda média, 10,26%; renda média-alta; 9,66%; e renda alta, 9 54%.

"Assim como ocorrido no biênio anterior (2019-2020), a inflação, em 2021, foi novamente maior para o segmento de renda muito baixa (10,1%) em relação ao observado na faixa de renda mais alta (9,5%), ainda que as maiores taxas tenham sido verificadas nas classes de renda média-baixa (10,4%) e renda média (10,3%). Nota-se, no entanto, que este diferencial das taxas de inflação entre os dois estratos extremos foi bem menor em 2021 (0,6 ponto percentual - p.p.) comparativamente ao registrado em 2020 (3,5 p.p.). Por certo, enquanto a inflação das famílias de renda muito baixa avançou 3,9 p.p., entre 2020 e 2021, o incremento observado na faixa de renda mais alta foi de 6,8 p.p..", apontou a técnica Maria Andreia Parente Lameiras, na Carta de Conjuntura do Ipea divulgada nesta terça-feira.

Em 2021, a maior pressão inflacionária para as famílias de renda mais baixa partiu do grupo habitação, impulsionado pelos reajustes de 21,2% das tarifas de energia elétrica e de 37% do gás de botijão. Entre as famílias de renda alta, o foco inflacionário se concentrou mais no grupo transportes, refletindo, sobretudo, o aumento de 47,5% da gasolina e de 62,2% do etanol.

"Além da alta destes dois grupos, deve-se pontuar que, embora tenha ocorrido uma melhora no desempenho dos alimentos no domicílio em 2021, este segmento ainda provocou impactos altistas significativos sobre a inflação, especialmente para as camadas de renda mais baixa", acrescentou a pesquisadora do Ipea na nota.

O Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda registrou uma desaceleração da pressão inflacionária na passagem de novembro para dezembro em todas as faixas de renda, com exceção do grupo considerado de renda muito baixa.

Houve aceleração no ritmo de aumento de custos entre as famílias mais pobres, com renda domiciliar inferior a R$ 1.808,79 mensais: a variação dos preços passou de alta de 0,65% em novembro para uma elevação de 0,74% em dezembro.

Entre as famílias de renda mais alta, que recebem mais de R$ 17.764,49 mensais, a inflação saiu de 1,02% em novembro para 0 82% em dezembro. Entre os de renda média alta, com rendimento domiciliar mensal entre R$ 8.956,26 e R$ 17.764,49, a inflação desacelerou de 1,08% para 0,70% no período.

O IPCA encerrou o mês de dezembro com avanço de 0,73%, ante uma elevação de 0,95% em novembro.

"A desagregação da inflação por grupos revela que, em dezembro, houve uma maior disseminação de reajustes, o que gerou contribuições significativas em diversos segmentos. Por certo, nas classes de renda mais baixas, embora a alta do grupo alimentação e bebidas tenha se constituído no maior foco inflacionário, os aumentos dos grupos habitação e saúde e cuidados pessoais também exerceram pontos de pressão adicionais" apontou o estudo do Ipea. "Na outra ponta, o grupo transportes foi o principal responsável pela inflação do segmento de renda mais alta, refletindo no aumento das passagens aéreas (10,3%), do transporte por aplicativo (11,8%) e do aluguel de veículos (9 3%), cujas variações mais que anularam os efeitos de deflação da gasolina (-0,67%) e do etanol (-2,96%). Por fim, deve-se pontuar que a alta dos serviços pessoais, especialmente os relacionados à recreação, como hospedagem (2,3%) e pacote turístico (2,3%), também impactou positivamente a inflação deste estrato de renda" completou.

O indicador do Ipea separa por seis faixas de renda familiar as variações de preços medidas pelo IPCA. Os grupos vão desde uma renda familiar menor que R$ 1.808,79 por mês, no caso da faixa com renda muito baixa, até uma renda mensal familiar acima de R$ 17.764,49, no caso da renda mais alta.

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