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Chinesa leva 2º linhão de Belo Monte e avalia distribuidoras

A companhia ganhou a disputa com a espanhola Abengoa ao se oferecer para construir e operar o linhão por uma receita anual de 988 milhões de reais

Obras da usina de Belo Monte, no Pará: o deságio, que acaba tendo impacto na tarifa de energia, foi menor que os 38 por cento registrados no leilão do primeiro linhão, que também trará energia do Pará para o Sudeste (Regina Santos/ Norte Energia/Fotos Públicas)
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Da Redação

Publicado em 17 de julho de 2015 às 15h23.

São Paulo - A estatal chinesa State Grid venceu nesta sexta-feira a disputa pela concessão do segundo linhão que escoará a geração da hidrelétrica de Belo Monte , um empreendimento de 7 bilhões de reais, e já ensaia novos avanços no setor elétrico brasileiro.

A companhia ganhou a disputa com a espanhola Abengoa ao se oferecer para construir e operar o linhão por uma receita anual de 988 milhões de reais pelo prazo de 30 anos da concessão, o que representou um deságio de 19 por cento ante o teto estabelecido pelo governo.

O deságio, que acaba tendo impacto na tarifa de energia, foi menor que os 38 por cento registrados no leilão do primeiro linhão, que também trará energia do Pará para o Sudeste, uma vez que apenas duas companhias fizeram lances.

Isso num momento em que a seca dos últimos anos e condições mais apertadas de financiamento limitam investimentos das elétricas brasileiras.

Assim, foi a primeira vez que os chineses participaram sozinhos de um leilão de energia no Brasil. Mas o vice-presidente-executivo de Operação e Manutenção da State Grid, Ramon Haddad, revelou que a empresa estuda todas as oportunidades de negócio no país, inclusive em geração e distribuição, no qual estão no radar empresas que o Grupo Eletrobras deve colocar à venda.

O governo brasileiro já autorizou a contratação do IFC, do Banco Mundial, para estruturar o processo de venda da Celg, distribuidora da Eletrobras que atende o Estado de Goiás e será a primeira a ser ofertada aos investidores.

"Vamos acompanhar as oportunidades de mercado. A Celg vai ser a primeira, e por isso será a primeira a ser analisada... vamos acompanhar o que está disponível, o que o mercado e as empresas têm a oferecer", afirmou Haddad, ao ser questionado sobre o interesse nos ativos da estatal brasileira.

Em geração, o foco da empresa será em usinas de energia renovável, como eólicas e solares, de acordo com Haddad.

Linhão desafiador

Em parceria com a Eletrobras, a State Grid havia vencido a disputa, no ano passado, pela concessão do primeiro linhão que transportará a energia de Belo Monte, mas o empreendimento licitado nesta sexta-feira é visto como mais complexo pela empresa.

"Queríamos um prazo maior (para construir a linha), mas infelizmente o definido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) foi 50 meses. É um desafio, um desafio grande", disse Haddad.

O executivo também disse que a State Grid continuará em busca de parceiros para o investimento, mesmo após o leilão.

"Nossa tentativa é de continuar negociando uma parceria no Brasil. Dada a complexidade do projeto, o formato de parcerias pode ser adequado para implementá-lo com sucesso", disse.

Segundo Haddad, a obra deve ser financiada com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a emissão de debêntures de infraestrutura, além de eventuais outros formatos de captação de recursos.

O vice-presidente de Novos Negócios da State Grid, Qu Yang, afirmou que "a busca é pelo uso integral de trabalhadores locais" nas obras do linhão, embora esteja prevista a vinda de especialistas chineses para apoiar a implementação do projeto devido ao uso da tecnologia de ultra-alta tensão, ainda inédita no Brasil.

Ele disse que as notícias de que a State Grid busca trazer mais de dez mil trabalhadores chineses para a construção de suas linhas no país é "um folclore" e "não tem o menor sentido".

Cronograma

Os diretores da Aneel André Pepitone e José Jurhosa, que acompanharam o certame, definiram o resultado como um sucesso e defenderam que o cronograma do linhão não causará problemas para o escoamento da geração de Belo Monte.

"O aparato que já foi licitado já permite o escoamento sem déficit", disse Pepitone, referindo-se ao primeiro linhão, leiloado no ano passado, e a outras linhas licitadas anteriormente para reforçar o sistema da região Norte.

"Essa linha (licitada nesta sexta) vai agregar confiabilidade e aumentar a capacidade de escoamento para o Sudeste", disse o diretor.

Questionado por jornalistas sobre a não participação da Eletrobras e um eventual desconforto com a vitória de chineses, o secretário-adjunto de Planejamento do Ministério de Minas e Energia, Moacir Carlos Brestol, disse que a estatal brasileira seguirá participando de leilões de transmissão e que a vitória da State Grid não incomoda.

"A única coisa que esperamos é que eles cumpram o prazo, porque (o projeto) é muito importante para o escoamento da energia de Belo Monte, que está (com as obras) em pleno andamento."

Durante entrevista a jornalistas realizada após o leilão, Haddad, da State Grid, disse que a empresa tem buscado correr para colocar em dia as obras do primeiro linhão, em que tem como sócias Eletronorte e Furnas, subsidiarias da Eletrobras.

"Estamos observando um tipo de... não diria atraso, mas necessidade de ajuste nas necessidades, e estamos confiantes de que iremos cumprir o cronograma estabelecido com a Aneel".

O prazo de conclusão do primeiro linhão é janeiro de 2018, enquanto o segundo deve estar concluído ao final de 2019.

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São Paulo - A estatal chinesa State Grid venceu nesta sexta-feira a disputa pela concessão do segundo linhão que escoará a geração da hidrelétrica de Belo Monte , um empreendimento de 7 bilhões de reais, e já ensaia novos avanços no setor elétrico brasileiro.

A companhia ganhou a disputa com a espanhola Abengoa ao se oferecer para construir e operar o linhão por uma receita anual de 988 milhões de reais pelo prazo de 30 anos da concessão, o que representou um deságio de 19 por cento ante o teto estabelecido pelo governo.

O deságio, que acaba tendo impacto na tarifa de energia, foi menor que os 38 por cento registrados no leilão do primeiro linhão, que também trará energia do Pará para o Sudeste, uma vez que apenas duas companhias fizeram lances.

Isso num momento em que a seca dos últimos anos e condições mais apertadas de financiamento limitam investimentos das elétricas brasileiras.

Assim, foi a primeira vez que os chineses participaram sozinhos de um leilão de energia no Brasil. Mas o vice-presidente-executivo de Operação e Manutenção da State Grid, Ramon Haddad, revelou que a empresa estuda todas as oportunidades de negócio no país, inclusive em geração e distribuição, no qual estão no radar empresas que o Grupo Eletrobras deve colocar à venda.

O governo brasileiro já autorizou a contratação do IFC, do Banco Mundial, para estruturar o processo de venda da Celg, distribuidora da Eletrobras que atende o Estado de Goiás e será a primeira a ser ofertada aos investidores.

"Vamos acompanhar as oportunidades de mercado. A Celg vai ser a primeira, e por isso será a primeira a ser analisada... vamos acompanhar o que está disponível, o que o mercado e as empresas têm a oferecer", afirmou Haddad, ao ser questionado sobre o interesse nos ativos da estatal brasileira.

Em geração, o foco da empresa será em usinas de energia renovável, como eólicas e solares, de acordo com Haddad.

Linhão desafiador

Em parceria com a Eletrobras, a State Grid havia vencido a disputa, no ano passado, pela concessão do primeiro linhão que transportará a energia de Belo Monte, mas o empreendimento licitado nesta sexta-feira é visto como mais complexo pela empresa.

"Queríamos um prazo maior (para construir a linha), mas infelizmente o definido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) foi 50 meses. É um desafio, um desafio grande", disse Haddad.

O executivo também disse que a State Grid continuará em busca de parceiros para o investimento, mesmo após o leilão.

"Nossa tentativa é de continuar negociando uma parceria no Brasil. Dada a complexidade do projeto, o formato de parcerias pode ser adequado para implementá-lo com sucesso", disse.

Segundo Haddad, a obra deve ser financiada com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a emissão de debêntures de infraestrutura, além de eventuais outros formatos de captação de recursos.

O vice-presidente de Novos Negócios da State Grid, Qu Yang, afirmou que "a busca é pelo uso integral de trabalhadores locais" nas obras do linhão, embora esteja prevista a vinda de especialistas chineses para apoiar a implementação do projeto devido ao uso da tecnologia de ultra-alta tensão, ainda inédita no Brasil.

Ele disse que as notícias de que a State Grid busca trazer mais de dez mil trabalhadores chineses para a construção de suas linhas no país é "um folclore" e "não tem o menor sentido".

Cronograma

Os diretores da Aneel André Pepitone e José Jurhosa, que acompanharam o certame, definiram o resultado como um sucesso e defenderam que o cronograma do linhão não causará problemas para o escoamento da geração de Belo Monte.

"O aparato que já foi licitado já permite o escoamento sem déficit", disse Pepitone, referindo-se ao primeiro linhão, leiloado no ano passado, e a outras linhas licitadas anteriormente para reforçar o sistema da região Norte.

"Essa linha (licitada nesta sexta) vai agregar confiabilidade e aumentar a capacidade de escoamento para o Sudeste", disse o diretor.

Questionado por jornalistas sobre a não participação da Eletrobras e um eventual desconforto com a vitória de chineses, o secretário-adjunto de Planejamento do Ministério de Minas e Energia, Moacir Carlos Brestol, disse que a estatal brasileira seguirá participando de leilões de transmissão e que a vitória da State Grid não incomoda.

"A única coisa que esperamos é que eles cumpram o prazo, porque (o projeto) é muito importante para o escoamento da energia de Belo Monte, que está (com as obras) em pleno andamento."

Durante entrevista a jornalistas realizada após o leilão, Haddad, da State Grid, disse que a empresa tem buscado correr para colocar em dia as obras do primeiro linhão, em que tem como sócias Eletronorte e Furnas, subsidiarias da Eletrobras.

"Estamos observando um tipo de... não diria atraso, mas necessidade de ajuste nas necessidades, e estamos confiantes de que iremos cumprir o cronograma estabelecido com a Aneel".

O prazo de conclusão do primeiro linhão é janeiro de 2018, enquanto o segundo deve estar concluído ao final de 2019.

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