Economia

Chances de BC aumentar os juros cresceram, segundo Pastore

Para o economista, alta dos juros dos EUA é o que mais pressiona a manutenção da Selic no Brasil

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h43.

O cenário internacional elevou as chances de o Banco Central (BC) aumentar a taxa básica de juros (Selic) no curto prazo. A avaliação é do economista Affonso Celso Pastore, que presidiu o BC de 1983 a 1985. "A probabilidade de alta ficou maior que a de baixa", afirma. Para Pastore, apesar da perspectiva desfavorável, a revisão da taxa não deve acontecer já na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) marcada para esta semana. "O cenário de alta é para daqui uns três meses", diz (clique aqui e leia reportagem da revista EXAME sobre o que pode acontecer com a taxa de juros no curto e médio prazos).

A situação dos Estados Unidos é o que mais pesa contra a manutenção ou redução da Selic, conforme o economista. Lembrando que o déficit em conta corrente americano, da ordem de 5%, é elevado mesmo para um país desenvolvido, Pastore afirma que o Federal Reserve (Fed) deve ser obrigado a aumentar os juros de modo mais agressivo após a eleição presidencial. Atualmente, o presidente do banco central americano, Alan Greenspan, tem sinalizado com uma política de ajuste gradual da taxa, estimada em 0,25 ponto percentual a cada reunião do Fed.

A revisão da taxa dos Estados Unidos contribuirá para desaquecer a economia mundial, além de pressionar o fluxo de investimentos para os países emergentes. Nesta situação, as autoridades monetárias do Brasil serão obrigadas a "adotarem uma política monetária conservadora, segurando a taxa de juros", segundo Pastore.

Para o economista, os constantes aumentos do preço do petróleo, que podem levar ao reajuste dos combustíveis no Brasil, deve ter um impacto menor sobre a política de juros brasileira que a economia americana. Pastore afirma que o governo brasileiro sabe que o preço do barril não cairá e que um reajuste dos combustíveis será obrigatório após as eleições municipais de outubro. "Mas isso não vai causar uma disparada da inflação", diz.

Inflação de demanda

A avaliação não é compartilhada por Maílson da Nóbrega, ministro da Fazenda entre 1988 e 1990. A consultoria Tendências da qual é sócio projeta manutenção da taxa Selic em 16% ao ano até dezembro. Em seus cálculos, os juros encerrarão 2005 em torno de 15%. A falta de consistência na manutenção dos preços do petróleo em patamares elevados e a situação do mercado interno são os principais argumentos de Maílson.

"Como não há nada que justifique um preço tão elevado do petróleo, o mercado trará o barril para um patamar realista", diz. Isso significa, para o economista, algo ao redor de 35 dólares por barril, contra os 45 dólares em que é cotado atualmente.

Maílson também descarta a avaliação de outros economistas de que o aquecimento da economia trará inflação de demanda, o que obrigaria o BC a elevar os juros. "Dizer que há um choque de demanda no mercado é exagero", afirma. O ex-ministro argumenta que, embora a indústria esteja operando com níveis elevados de utilização de sua capacidade instalada, o crescimento agora é mais homogêneo, sem pressões pontuais que possam desencadear ondas inflacionárias. Por isso, Maílson espera que o IPCA, índice oficial de inflação, encerre 2004 em 7%. Para 2005, a expectativa é de 5,5%.

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