Economia

Centenários serão bomba-relógio para aposentadoria em 6 países

"A expectativa de se aposentar no começo ou no meio dos seus 60 anos provavelmente será algo do passado ou um privilégio dos muito ricos", diz relatório

Senhora idosa contando dinheiro (Thinckstock/Thinkstock)

Senhora idosa contando dinheiro (Thinckstock/Thinkstock)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 3 de junho de 2017 às 08h00.

Última atualização em 3 de junho de 2017 às 08h00.

São Paulo - Enquanto o Brasil discute uma reforma da Previdência para equalizar o seu sistema de aposentadorias, países desenvolvidos aguardam um futuro ainda mais desafiador nessa área.

400 trilhões de dólares, ou mais de 5 vezes o tamanho da economia global inteira, será o rombo total da Previdência em 2050 considerando apenas 8 grandes economias.

Elas são, em ordem de rombo previsto: Estados Unidos, China, Índia, Reino Unido, Japão, Canadá, Austrália e Holanda.

O cálculo é da diferença entre os recursos direcionados para o sistema e o montante necessário para que os aposentados mantenham pelo menos 70% da renda de quando trabalhavam.

O rombo atual nessas economias é estimado hoje em US$ 70 trilhões, mas deve crescer a uma taxa de 5% por ano (ou US$ 28 bilhões por dia) ao longo das próximas décadas.

Esta verdadeira "bomba-relógio" foi apontada por um relatório recente do Fórum Econômico Mundial e tem um motivo simples: a população está envelhecendo, e rápido.

"A alta prevista na longevidade e as populações envelhecidas resultantes são o equivalente financeiro das mudanças climáticas", escreve Michael Drexler, diretor de sistemas financeiros e de infraestrutura do Fórum.

A expectativa de vida sobe um ano a cada cinco anos, em média, e uma boa parte dos bebês nascidos hoje nestes países pode esperar viver mais do que 100 anos, segundo as estimativas (otimistas) do Fórum.

Se a idade mínima para aposentadoria não mudar, isso significa que a taxa de dependência (proporção entre trabalhadores e aposentados) cai de 8:1 atualmente para 4:1 em 2050.

"Uma implicação óbvia de vivermos mais é que teremos que passar mais tempo trabalhando. A expectativa de se aposentar no começo ou no meio dos seus 60 anos provavelmente será algo do passado ou um privilégio dos muito ricos", diz o texto.

A reforma da Previdência atualmente em tramitação no Congresso brasileiro estabelece uma idade mínima de aposentadoria, algo que a imensa maioria dos países já tem.

Ela começará em 53 anos para mulheres e 55 anos para os homens e será elevada gradativamente para 62 anos, no caso das mulheres (até 2036), e 65 anos, no caso dos homens (até 2038).

De acordo com o relatório do Fórum, os sistemas atuais de Previdência são mal equipados para o desafio do envelhecimento por várias razões.

Quem trabalha por conta própria ou está na informalidade costuma ficar de fora do sistema: na Índia, onde 9 a cada 10 trabalhadores estão nessa categoria, isso é uma barreira estrutural.

O percentual poupado para a velhice também não é suficiente, e mesmo quando esse dinheiro é aplicado, o retorno de longo prazo têm sido menor do que o esperado.

E na medida que as sociedades enriquecem, cresce também a expectativa da sua renda no final da vida.

Algumas das sugestões do Fórum para amenizar o problema são aumentar as idades mínimas de aposentadoria e melhorar tanto a educação financeira quanto os incentivos de forma que a população consiga poupar mais para a própria aposentadoria.

Acompanhe tudo sobre:AposentadoriaFórum Econômico MundialPrevidência SocialReforma da Previdência

Mais de Economia

Economia argentina cai 0,3% em setembro, quarto mês seguido de retração

Governo anuncia bloqueio orçamentário de R$ 6 bilhões para cumprir meta fiscal

Black Friday: é melhor comprar pessoalmente ou online?

Taxa de desemprego recua em 7 estados no terceiro trimestre, diz IBGE