Carnaval do Rio também sente efeitos da crise econômica
O Rio já vive há dias o clima festivo e espera a visita de mais de um milhão de turistas e, com eles, receitas de US$ 1 bilhão
EFE
Publicado em 19 de fevereiro de 2017 às 11h51.
Rio de Janeiro - O carnaval do Rio de Janeiro também se ressente neste ano da crise internacional e da recessão no Brasil, que se traduziu em uma queda nas vendas e na ocupação hoteleira em relação aos anos anteriores.
A folia começará oficialmente no próximo dia 24 e se estenderá até a Quarta-Feira de Cinzas, no dia 1º de março, mas o Rio vive há dias um clima festivo e espera a visita de mais de um milhão de turistas e, com eles, receitas de US$ 1 bilhão, segundo estimativas oficiais.
O Rio receberá seus visitantes com mais de 9.000 soldados das forças armadas patrulhando as ruas para garantir a segurança como resposta a uma possível paralisação da Polícia Militar que o governo do estado freou na semana passada pagando os salários atrasados dos agentes.
Os ajustes e os atrasos na cobrança dos salários afetam também milhares de funcionários do estado de Rio, que se declarou em uma situação de "calamidade financeira" em junho do ano passado e ainda não conseguiu superá-la.
Embora os empresários hoteleiros esperem alcançar uma ocupação próxima a 90%, até agora o carnaval não conseguiu essa meta e as reservas estão em 72%, abaixo de anos anteriores, apesar de fontes do setor lembrarem que a cidade ampliou de 20.000 a 50.000 o número de camas para atender à demanda dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de agosto do ano passado.
Os números de ocupação oscilam ligeiramente em função das áreas da cidade, uma média de 67% no centro e de 74% na zona sul, em bairros como Copacabana, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio de Janeiro.
Os preços dos pacotes e dos hotéis no Rio disparam nestas datas e a crise internacional, que afeta alguns dos principais países emissores de turismo ao Brasil, fez o setor se focar na busca pelo turista nacional, com campanhas de promoção em outras cidades do interior do país.
Nos hotéis da zona sul próximos ao mar o preço médio de um quarto duplo por noite se situa entre R$ 750 e R$ 1.250, embora o número se multiplique quando se trata do lendário Copacabana Palace, que cobra cerca R$ 2.700 por noite por um quarto com vista para o mar, ou o emblemático Fasano, em Ipanema, com quartos que oscilam entre R$ 4.000 e R$ 9.000, por noite.
Os pacotes de avião e hotel para os turistas estrangeiros dificilmente ficam abaixo de R$ 6.000 nestes dias, inclusive para os procedentes de países próximos, como Argentina e Uruguai.
É o caso dos argentinos Nicolás e Fernanda, que alugaram um apartamento durante uma semana com três casais de amigos, para compartilhar despesas.
"Tentamos diminuir os gastos. É uma cidade muito cara, parece a Europa", declarou à Agência Efe Nicolás.
Niall e Taylor, ingleses, optaram por um hotel e concordam em suas queixas pelos preços, "embora venhamos de um país caro, este também é. Pensávamos que seria mais barato".
Até mesmo Marcelo e Rachel, de São Paulo, se surpreenderam com o custo do Rio - "Os preços são muito altos", reclamaram -, apesar de terem escolhido um hotel no centro da cidade, mais barato, para se ajustar a seu orçamento.
Os aluguéis também se multiplicam na semana de carnaval, com preços que oscilam entre R$ 1.800 e R$ 6.000 por cinco noites em um apartamento para duas pessoas na zona sul, em bairros como Ipanema ou Copacabana.
Além disso, boa parte dos turistas que chegam ao Rio querem viver a experiência do carnaval no Sambódromo e terão que esvaziar a carteira porque as entradas chegam a custar até R5 500 por pessoa na arquibancada, e alcançam até R$ 120.000 para um camarote por uma só noite.
A cinco dias do início do carnaval, ainda restam entradas - poucas - à venda na internet, mas quem preferir desfrutar do carnaval sem pagar ingresso pode fazê-lo nas ruas, nas centenas de blocos que já tomaram o Rio de Janeiro.
Os blocos, que podem chegar a movimentar a mais de um milhão de pessoas em um desfile, como é o caso do Cordão da Bola Preta, se transformaram no motor do setor de produtos de festa no Rio, no qual a crise provocou uma queda média de um terço nas vendas.