Economia

Canadá enfrenta problema inusitado com drogas - falta de maconha

O Canadá pretende legalizar o uso recreativo da maconha nos próximos 12 meses e se tornará a primeira grande economia a fazê-lo

Maconha: "o maior problema aparente após a discussão atual é o da oferta” (OpenRangeStock/Thinkstock)

Maconha: "o maior problema aparente após a discussão atual é o da oferta” (OpenRangeStock/Thinkstock)

DR

Da Redação

Publicado em 23 de junho de 2017 às 18h12.

Ottawa/Winnipeg - O maior desafio para o futuro do mercado legalizado de maconha com fins recreativos de Justin Trudeau é a escassez da erva, segundo o Ministro das Finanças da província mais populosa do Canadá.

Charles Sousa, de Ontário, disse que a crise de oferta foi discutida em reunião com colegas provinciais e federais nesta semana.

O Canadá pretende legalizar o uso recreativo da maconha nos próximos 12 meses e se tornará a primeira grande economia a fazê-lo. Um analista afirma temer que o governo use a escassez de oferta como desculpa para adiar o lançamento do programa.

“Em última análise, o maior problema aparente após a discussão atual é o da oferta”, disse Sousa, em entrevista, nesta semana. Os ministros das Finanças disseram que a demanda por maconha no Canadá já está “bastante alta”, segundo ele.

“Por isso, queremos ter certeza de que, quando avançarmos, haverá oferta suficiente para acomodar a atividade, porque o que estamos tentando fazer é conter o uso ilícito e o crime organizado que atualmente existem no entorno.”

Segundo a estrutura de legalização de Trudeau, revelada em abril, caberá às províncias do Canadá estabelecer regimes de venda e distribuição, e ao mesmo tempo começar a vender maconha com fins recreativos por correio em algum momento antes de julho de 2018, no mínimo.

Os principais detalhes, incluindo a tributação, continuam indefinidos. O ministro federal das Finanças, Bill Morneau, disse que prefere um imposto que sufoque o mercado paralelo, um dos principais objetivos do governo.

“Isso, em resumo, nos leva a dizer que os impostos têm que ser baixos”, disse Morneau a jornalistas, após a reunião de 19 de junho na qual disse que discutiram a necessidade de uma abordagem “coordenada”.

Escassez inicial

O valor da próspera indústria da maconha do Canadá aumentou com o otimismo em relação ao plano de Trudeau para as vendas com fins recreativos que, segundo informou a Canaccord Genuity Group em novembro, poderiam atingir 6 bilhões de dólares canadenses (US$ 4,5 bilhões) por ano até 2021.

A demanda combinada por maconha com fins recreativos e medicinais pode chegar a 575.000 quilos até 2021, segundo o relatório.

O governo afirma que o objetivo básico da medida é reduzir ou eliminar completamente o mercado paralelo e que a escassez da erva legalizada dificultaria esse processo.

Os planos de Trudeau também permitem que as pessoas cultivem até quatro plantas por residência.

As empresas ainda estão tentando construir e expandir instalações e tudo precisaria sair “perfeitamente” para que haja oferta suficiente, disse Jason Zandberg, analista da PI Financial.

As vendas iniciais provavelmente serão realizadas pela internet e por correio, porque seria impossível para o mercado estocar o suficiente em dispensários do governo em todo o país.

O aumento da lista de pacientes está criando uma escassez no mercado de maconha medicinal do Canadá em um momento em que alguns produtores estão deixando de buscar novos clientes ou esgotando certas variedades, disse Zandberg.

“Haverá uma escassez inicialmente”, disse o analista, por telefone. “Meu receio é que, se isso for usado como desculpa para adiar a data da legalização da maconha com fins recreativos, existe o risco de que a decisão entre no próximo ciclo eleitoral e acabe não ocorrendo.”

Acompanhe tudo sobre:CanadáDrogasMaconha

Mais de Economia

IPCA-15 de novembro sobe 0,62%; inflação acumulada de 12 meses acelera para 4,77%

Governo corta verbas para cultura via Lei Aldir Blanc e reduz bloqueio de despesas no Orçamento 2024

Governo reduz novamente previsão de economia de pente-fino no INSS em 2024

Lula encomenda ao BNDES plano para reestruturação de estatais com foco em deficitárias