Campos Neto afirma que não há crise de crédito no Brasil
Segundo o presidente do BC, não há risco de acontecer no país o que aconteceu nos EUA com o Silicon Valley Bank
Reporter colaborador, em Brasília
Publicado em 25 de abril de 2023 às 16h05.
Última atualização em 25 de abril de 2023 às 16h27.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta terça-feira, 25, durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE), que não há crise de crédito no Brasil, e que não há risco de acontecer no país o que aconteceu nos EUA com o Silicon Valley Bank.
Campos Neto pontuou que o Brasil tem algumas linhas de crédito específicas que estão sendo mais afetadas, contudo, defendeu que o BC tem diversas medidas que podem endereçar problemas específicos em linhas de crédito. “O Brasil não tem problema de crédito, não tem crise de crédito. Nós não temos o problema e a fragilidade do sistema financeiro americano, que a gente viu com o Silicon Valley Bank”, disse.
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Ainda de acordo com ele, o que aconteceu com o Silicon não aconteceria com o Brasil. ”Nos EUA têm a possibilidade de alguns bancos não colocarem as perdas que têm no balanço contra a conta de capital. Isso nós não temos no Brasil, nosso sistema é mais eficiente nesses sentido”, pontuou.
Segundo Campos Neto, há uma queda de crédito no mundo maior do que a prevista pelo Fundo Monetário Interacional (FMI). O fundo assume uma queda de crédito de 2%.
“Nos Estados Unidos, pelas minhas contas, a gente vai ter uma queda de crescimento de crédito de 9% para alguma coisa perto de 0,1% de crescimento. Na Europa tem país que o crescimento de crédito está negativo nesse momento”, disse.
Já o Brasil, de acordo com ele, veio de um crescimento de crédito de uma média de 15%, e com projetado para este ano de 8%. “Dado que o crédito nesses países sobre o PIB são muito maiores, o impacto no crédito é muito maior do que o que está sendo no Brasil”, destacou.
Inflação de alimentos
Na avaliação do presidente do Banco Central, seria um erro conter as exportações de alimentos. “Não adianta proibir a exportação e forçar o produtor a vender num preço mais baixo, porque ele vai entender que isso não compensa e vai fazer a produção em outro lugar. Muitos produtores argentinos compraram terras do outro lado da fronteira para produzir e passaram a exportar para outros países e não tinham condições de trazer o que foi produzido para Argentina de volta”, afirmou.
Campos Neto disse ainda que a inflação de alimentos está muito alta na Europa e em países da América do Sul. “Inflação de alimentos de 19% na Europa, na Colômbia é de 22%, lembrando que eles deram subsídio e depois tiveram de tirar. Na zona do euro está em 17,9%. Os países que no passado tentaram proteger a inflação de alimentos com restrição de exportação pagaram muito caro”, criticou.