Economia

Camarões, os pobres leões indomáveis da África

Enquanto presidente completa 32 anos no poder e estilo da primeira-dama chama a atenção, 21 milhões de camaronenses seguem enfrentando economia instável

O presidente Paul Biya e sua mulher Chantal Biya, conhecida por seu cabelo peculiar (Pascal Le Segretain/Getty Images)

O presidente Paul Biya e sua mulher Chantal Biya, conhecida por seu cabelo peculiar (Pascal Le Segretain/Getty Images)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 23 de junho de 2014 às 13h38.

São Paulo – O país é Camarões, mas o time de futebol tem nome de outro bicho: “os leões indomáveis”. 

Na Copa do Mundo de 1990, quando eles chegaram pela primeira vez às quartas de final, a euforia foi tão grande que o presidente Paul Biya adotou para si o apelido de leão.

Alguns anos depois, ele casou com sua segunda mulher, a "rainha de Copas" Chantal Biya, e eles até adotaram um casal de leões do zoológico local.

Foi com esse tipo de manobra – e outras menos sutis, como fraude em eleições e perseguição à oposição - que Paul completou recentemente três décadas no poder enquanto a economia passava por enormes desafios.

História

Os Camarões surgiram na sua forma atual em 1960, quando decretaram independência dos franceses enquanto a parte colonizada pela Inglaterra se fundia com a Nigéria. Começou aí um período de grande otimismo e o país parecia destinado a se tornar uma das histórias de sucesso do continente.

Muitos ganhos foram revertidos depois que má gestão, moeda supervalorizada e o tombo no preço das commodities levaram a uma década de recessão a partir de meados dos anos 80.

Com reformas macroeconômicas, o país acabou se recuperando e hoje é o quinto maior produtor de cacau do mundo e um grande exportador de petróleo. 

São também a maior economia da África central, mas uma das que crescem mais lentamente: 4,6% em 2012 e 4,7% em 2013 - taxas que seriam respeitáveis no Brasil, mas muito baixas para um lugar onde 40% da população vive abaixo da linha de pobreza.

Futuro

A sensação é de que o pior já passou, mas o desenvolvimento ainda esbarra nas condições ruins para as empresas: o país está no 168º lugar entre 189 economias no ranking de facilidade de fazer negócios do Banco Mundial.

A falta de energia é crônica, apesar de um dos maiores potenciais hidrelétricos do continente. Em 1998, o Camarões foi coroado pela Transparência Internacional como o país mais corrupto do mundo – e as evidências são de que pouco mudou desde então. 

Outro foco de tensão é com a Nigéria, seu vizinho do norte. Uma disputa histórica de território foi decidida recentemente em favor dos Camarões, mas a maior ameaça do momento é o Boko Haram.

O grupo radical islâmico que sequestrou centenas de meninas no norte nigeriano espalhou tentáculos para países vizinhos e sequestou no ano passado uma família de franceses que visitava o Camarões. Eles foram liberados, mas o episódio pegou mal para um país que vem tentado desenvolver também o turismo.

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