Carteira de trabalho: setor formal sofre impacto da covid-19 (Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas)
João Pedro Caleiro
Publicado em 27 de maio de 2020 às 11h12.
Última atualização em 27 de maio de 2020 às 14h55.
O Brasil teve 1,45 milhão de demissões de vagas formais em abril, segundo dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados nesta quarta-feira (27) pelo Ministério da Economia.
Diante de 598 mil contratações no mesmo mês, o saldo ficou negativo em 860 mil empregos, pior dado da série histórica. Já em março, a perda líquida foi de 240 mil vagas.
Foram, portanto, 1,1 milhão de empregos formais perdidos desde o início da pandemia do novo coronavírus no país.
Em coletiva de imprensa, Bruno Bianco, secretário especial de Previdência e Trabalho, destacou o "copo meio cheio" de que a piora do saldo está focado mais na queda das admissões do que em demissões.
"São números que mostram uma realidade difícil, mas também os efeitos positivos de uma agenda que tem conseguido preservar empregos e renda", disse Bianco, em referência aos programas da pasta.
Em abril, por exemplo, as demissões tiveram uma alta de 17% enquanto as admissões caíram 56% na comparação com abril de 2019.
No balanço de janeiro a abril de 2020, foram cerca de 5 milhões de admissões e 5,76 milhão de demissões, com resultado líquido negativo de 763 mil empregos formais. No mesmo período de 2019, o Caged havia registrado um saldo positivo de 313 mil empregos.
A reversão aconteceu a partir de março, quando a doença se agravou no país. Em janeiro e fevereiro houve abertura líquida de 113 mil e 224 mil postos, respectivamente.
“Vamos trabalhar para ter o mesmo nível de contratação do início de ano”, afirmou Bianco.
Esta foi a primeira divulgação do Caged no ano, que costumava sair mensalmente pouco após o fechamento do mês anterior.
Segundo o governo, houve dificuldade inicial das empresas enviarem os dados, devido a uma mudança do sistema, e posteriormente devido às medidas de isolamento e fechamento de escritórios.
O secretário de Trabalho da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, Bruno Dalcolmo, disse que o governo não faz previsões para o saldo do emprego formal para o ano ou para o mês de maio.
Enquanto a equipe econômica estuda medidas para estimular a contratação de pessoas, Dalcolmo disse que a recuperação do emprego virá juntamente à recuperação econômica. “A demanda por trabalho deriva das condições econômicas, não tem jeito”, completou.
(Com Marcela Ayres, da Reuters, Estadão Conteúdo e Agência O Globo)