Brics encerra cúpula adiando criação de novo banco
Os cinco países voltarão a abordar o tema durante a reunião do G20 (de potências industrializadas e emergentes) de São Petersburgo, na Rússia, em setembro próximo
Da Redação
Publicado em 27 de março de 2013 às 15h36.
Durban - As cinco potências emergentes do grupo Brics concluíram nesta quarta-feira uma cúpula de dois dias em Durban, África do Sul, sem concretizar o lançamento de um anunciado banco de desenvolvimento capaz de competir com instituições como o Banco Mundial, dominadas por países ocidentais.
Os dirigentes do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul acertaram na véspera a criação dessa entidade financeira, mas o presidente sul-africano Jacob Zuma limitou-se nesta quarta-feira a anunciar o início das negociações, sem dar maiores detalhes.
"Decidimos iniciar negociações formais para fundar um novo banco de desenvolvimento do Brics, voltado para as nossas próprias necessidades em termos de infraestruturas, que são consideráveis (....), e para cooperar com os demais mercados emergentes e os países em desenvolvimento", declarou o anfitrião do encontro.
Os cinco países voltarão a abordar o tema durante a reunião do G20 (de potências industrializadas e emergentes) de São Petersburgo, na Rússia, em setembro próximo.
O ministro russo das Finanças, Anton Silaunov, destacou que o Brics deve ainda chegar a um acordo sobre a soma que cada país fornecerá ao capital.
O novo banco poderá ser dotado, segundo os estudos, com um capital inicial de 50 bilhões de dólares, ou seja, 10 bilhões por país em média.
Muitos sul-africanos se perguntam como reunir tal quantia, que corresponde a 2,5% de seu PIB. Além disso, os russos não parecem muito entusiasmados e propõem um aporte inicial de 2 bilhões de dólares por país.
"O banco dirigido pelos Brics mobilizará a poupança interna e trará financiamento conjunto a infraestruturas em regiões em desenvolvimento", considerou nesta quarta Zuma, que fez referência a um capital "substancial e adequado", sem citar números.
O ministro sul-africano do Comércio, Rob Davies, indicou que os detalhes do acordo continuam a ser discutidos. "Obviamente haverá um processo de implementação do demais detalhes", indicou em declarações à AFP.
Para o jornal econômico sul-africano Business Day, o banco de desenvolvimento dos Brics será, antes de tudo, "simbólico", quando for criado.
"O maior problema com este conceito é (...) o desejo de rivalizar com o Banco Mundial" e sua criação corresponde a uma "decisão ideológica arraigada em um conceito estatista de desenvolvimento", escreveu em um editorial.
Em termos mais gerais, os Brics - que representam 25% da economia e 40% da população mundial - procuram aumentar a cooperação entre eles e ter mais influência internacional, refletindo os novos equilíbrios planetários frente a um ocidente mergulhado na crise econômica.
Zuma voltou a citar nesta quarta-feira um projeto de cabo submarino que permitiria a transferência de dados de banda larga do Brasil à Rússia, passando pela África do Sul, Índia e China.
O presidente do Banco Central brasileiro, Alexandre Tombini, declarou à AFP que as negociações também avançaram sobre a criação de um fundo comum que fomente o comércio, e que contaria com 100 bilhões de dólares.
Os contratos de swap de moeda - que permitiriam a negociação em moeda local, com a intenção de evitar a hegemonia do dólar - abrirão as portas para os sócios da China terem acesso a parte dos 3,3 trilhões de dólares em reservas, nos quais a segunda economia mundial se apoia.
China e Brasil assinaram na terça-feira um acordo desse tipo (já projetado em junho), no valor de 30 bilhões de dólares.
Para Tombini, esse acordo será útil "em caso de turbulências nos mercados financeiros".
Esses fundos podem ser usados para apoiar o comércio, se o dólar se tornar escasso nos mercados e até mesmo em caso de crise global como a de 2008.
Em nível diplomático, os Brics expressaram "profunda inquietação" com a violência que assola a Síria nos últimos dois anos.
O presidente sírio, Bashar al-Assad, pediu aos Brics que intervenham para "conter a violência" e acabar com o "sofrimento" do seu povo causado por sanções internacionais.
Grande parte dos países ocidentais e árabes reconheceu a oposição como representante legítima da Síria, mergulhada em uma guerra civil.
Durban - As cinco potências emergentes do grupo Brics concluíram nesta quarta-feira uma cúpula de dois dias em Durban, África do Sul, sem concretizar o lançamento de um anunciado banco de desenvolvimento capaz de competir com instituições como o Banco Mundial, dominadas por países ocidentais.
Os dirigentes do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul acertaram na véspera a criação dessa entidade financeira, mas o presidente sul-africano Jacob Zuma limitou-se nesta quarta-feira a anunciar o início das negociações, sem dar maiores detalhes.
"Decidimos iniciar negociações formais para fundar um novo banco de desenvolvimento do Brics, voltado para as nossas próprias necessidades em termos de infraestruturas, que são consideráveis (....), e para cooperar com os demais mercados emergentes e os países em desenvolvimento", declarou o anfitrião do encontro.
Os cinco países voltarão a abordar o tema durante a reunião do G20 (de potências industrializadas e emergentes) de São Petersburgo, na Rússia, em setembro próximo.
O ministro russo das Finanças, Anton Silaunov, destacou que o Brics deve ainda chegar a um acordo sobre a soma que cada país fornecerá ao capital.
O novo banco poderá ser dotado, segundo os estudos, com um capital inicial de 50 bilhões de dólares, ou seja, 10 bilhões por país em média.
Muitos sul-africanos se perguntam como reunir tal quantia, que corresponde a 2,5% de seu PIB. Além disso, os russos não parecem muito entusiasmados e propõem um aporte inicial de 2 bilhões de dólares por país.
"O banco dirigido pelos Brics mobilizará a poupança interna e trará financiamento conjunto a infraestruturas em regiões em desenvolvimento", considerou nesta quarta Zuma, que fez referência a um capital "substancial e adequado", sem citar números.
O ministro sul-africano do Comércio, Rob Davies, indicou que os detalhes do acordo continuam a ser discutidos. "Obviamente haverá um processo de implementação do demais detalhes", indicou em declarações à AFP.
Para o jornal econômico sul-africano Business Day, o banco de desenvolvimento dos Brics será, antes de tudo, "simbólico", quando for criado.
"O maior problema com este conceito é (...) o desejo de rivalizar com o Banco Mundial" e sua criação corresponde a uma "decisão ideológica arraigada em um conceito estatista de desenvolvimento", escreveu em um editorial.
Em termos mais gerais, os Brics - que representam 25% da economia e 40% da população mundial - procuram aumentar a cooperação entre eles e ter mais influência internacional, refletindo os novos equilíbrios planetários frente a um ocidente mergulhado na crise econômica.
Zuma voltou a citar nesta quarta-feira um projeto de cabo submarino que permitiria a transferência de dados de banda larga do Brasil à Rússia, passando pela África do Sul, Índia e China.
O presidente do Banco Central brasileiro, Alexandre Tombini, declarou à AFP que as negociações também avançaram sobre a criação de um fundo comum que fomente o comércio, e que contaria com 100 bilhões de dólares.
Os contratos de swap de moeda - que permitiriam a negociação em moeda local, com a intenção de evitar a hegemonia do dólar - abrirão as portas para os sócios da China terem acesso a parte dos 3,3 trilhões de dólares em reservas, nos quais a segunda economia mundial se apoia.
China e Brasil assinaram na terça-feira um acordo desse tipo (já projetado em junho), no valor de 30 bilhões de dólares.
Para Tombini, esse acordo será útil "em caso de turbulências nos mercados financeiros".
Esses fundos podem ser usados para apoiar o comércio, se o dólar se tornar escasso nos mercados e até mesmo em caso de crise global como a de 2008.
Em nível diplomático, os Brics expressaram "profunda inquietação" com a violência que assola a Síria nos últimos dois anos.
O presidente sírio, Bashar al-Assad, pediu aos Brics que intervenham para "conter a violência" e acabar com o "sofrimento" do seu povo causado por sanções internacionais.
Grande parte dos países ocidentais e árabes reconheceu a oposição como representante legítima da Síria, mergulhada em uma guerra civil.