Economia

Brasileiros ricos viajam menos e sobram quartos em Miami

Conhecida pelas influências latino-americanas e pela badalada noite, Miami está sendo afetada pelo excesso de oferta de hotéis e pela demanda insuficiente


	Vista de Miami, na Flórida (EUA): “Miami está fraca, talvez principalmente por causa da fraqueza do Brasil", diz CEO de operadora de hotéis
 (Thinkstock/floridastock)

Vista de Miami, na Flórida (EUA): “Miami está fraca, talvez principalmente por causa da fraqueza do Brasil", diz CEO de operadora de hotéis (Thinkstock/floridastock)

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Da Redação

Publicado em 9 de maio de 2016 às 17h27.

Os hotéis da ensolarada Miami estão sofrendo com a diminuição do turismo brasileiro e com um boom da construção que adicionou milhares de quartos ao mercado.

O custo das diárias está caindo. Na grande Miami, a receita por quarto disponível – um indicador das tarifas e taxas de ocupação conhecido como “revpar” – caiu todos os meses deste ano, e em abril esse foi o pior dos 25 principais mercados dos EUA, segundo a STR, uma fornecedora de dados sobre o setor hoteleiro.

A Marriott International, que deve se tornar a maior operadora de hotéis do mundo, disse em sua conferência sobre lucros do primeiro trimestre que Miami é uma das suas áreas mais fracas nos EUA.

A cidade, conhecida pelas influências latino-americanas e pela badalada noite de South Beach, está sendo afetada pelo excesso de oferta de hotéis e pela demanda insuficiente.

Um inverno inusitadamente ameno na América do Norte reduziu o número de visitantes, e os brasileiros, uma importante fonte para o turismo, estão recuando porque a moeda de seu país está em queda, e a economia, em recessão. As incorporadoras imobiliárias que correram em aproveitar o grande interesse de turistas ricos agora enfrentam a perspectiva de uma abundância de quartos, particularmente no segmento de luxo.

“Miami tem sido um mercado muito ativo e agora precisamos tomar fôlego”, disse Gregory Rumpel, diretor-gerente da corretora de imóveis comerciais Jones Lang LaSalle.

Quedas

O “revpar” de hotéis do mercado de Miami-Hialeah caiu 3,6 por cento em relação ao ano anterior nos três primeiros meses de 2016, em comparação com um aumento de 2,7 por cento nos EUA, segundo a STR. A taxa de ocupação diminuiu 1,9 por cento, e as diárias caíram 1,7 por cento.

Nova York foi a maior fonte de visitantes para Miami no ano passado, com um recorde de 2,1 milhões de pessoas, segundo a Secretaria de Convenções e Visitantes da Grande Miami. O Brasil foi a segunda, com mais de 747.000 visitantes, e depois vieram Canadá, Colômbia e Chicago.

“O inverno ameno no nordeste nos matou”, disse Robert Finvarb, diretor de uma empresa familiar com sede em Miami que incorpora imóveis.

O número de turistas brasileiros também caiu, disse Steven Marin, vice-presidente da Travelers Hotel Group, que compra, incorpora e administra imóveis hoteleiros no sul da Flórida, principalmente perto de aeroportos. Os turistas do Brasil e, em menor medida, da Venezuela costumavam pedir que suas compras feitas na Amazon fossem enviadas para o hotel antes de chegarem, às vezes quinze ou vinte pacotes por hóspede, disse ele.

Fraqueza do Brasil

“Miami está fraca, talvez principalmente por causa da fraqueza do Brasil, um dos grandes mercados fonte para Miami, e em certo grau talvez pelo crescimento da oferta de luxo”, disse o CEO da Marriott, Arne Sorenson, na conferência de lucros da Marriott, no dia 28 de abril. A empresa não quis fazer mais comentários.

No total, 2.866 quartos de hotel foram abertos na região de Miami em 2015, 62 por cento deles em Miami Beach, segundo a Greater Miami & the Beaches Association. Outros 2.128 quartos serão abertos neste ano, mas apenas 186 deles em Miami Beach.

O mês de maio parece mais forte em termos de turistas em Miami, disse Peggy Benua, gerente do hotel Dream South Beach, famoso pela piscina no último andar e pelo restaurante Naked Taco. Ela disse que a demanda poderia demorar dois ou três anos para acompanhar a oferta nova.

“Miami continua crescendo como destino turístico”, disse Peggy. “Neste momento, está havendo certo reajuste”.

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