Brasil vai agir antes que economia superaqueça, diz Mantega
Ministro disse que o Banco Central (BC) e o governo vão tomar as ações necessárias caso os riscos aumentem
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, minimizou nesta quinta-feira preocupações sobre superaquecimento da economia brasileira, dizendo que o Banco Central (BC) e o governo vão tomar as ações necessárias caso os riscos aumentem.
Antes do encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) na próxima semana, em que o BC deve elevar a Selic pela primeira vez em quase dois anos, Mantega afirmou que a economia está melhorando, mas ainda na horizontal.
Os formuladores de política monetária vão atingir as metas de inflação em 2010, disse ele, prevendo alta nos preços entre 4,5 e 5 por cento neste ano. Isso se equipara à meta de inflação de 4,5 por cento, com tolerância de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
"A economia do Brasil não está superaquecida. Se de alguma forma isso acontecer, vamos tomar medidas", afirmou Mantega a jornalistas ao chegar a encontros entre ministros de Finanças em Washington.
"Ainda não identifiquei inflação de demanda", acrescentou.
Os últimos relatórios do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgados nesta semana apontaram riscos de superaquecimento na economia brasileira, que tem se recuperado rapidamente da crise amparada por isenções fiscais e pelo aumento de fluxos de investimento.
Os analistas esperam firmemente que o Copom eleve a taxa de juros na reunião de 28 de abril em entre 0,5 e 0,75 ponto percentual.
Não há preocupações de que o aumento no juro básico brasileiro, numa época em que os custos de financiamento em economias avançadas ainda estão nas mínimas históricas, possa atrair capital especulativo e piorar os problemas decorrentes de um real apreciado.
O diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, alertou mais cedo que grandes fluxos de capital para economias emergentes elevam o risco da formação de bolhas de ativos.
O Brasil tentou no ano passado frear a valorização do real ao impor uma taxa sobre entradas de capital. Mais recentemente, preocupações com o fortalecimento da moeda levaram o Banco Central a realizar leilões de compra de dólar no mercado à vista para enxugar liquidez do mercado.
Mantega disse que não há necessidade de controles de capital no momento e afirmou que não existe risco da formação de bolhas de ativos. Mas o ministro reiterou o receio do país com a taxa de câmbio.
"Não é bom que o real de fortaleça", afirmou Mantega. "Isso é válido não somente em relação à moeda chinesa, mas em relação ao dólar", acrescentou.
Uma das quatro economias que formam o Bric, o Brasil tem elevado o tom sobre a questão cambial da China, com o presidente do BC, Henrique Meirelles, dizendo que um iuan mais forte é "essencial" para uma economia mundial equilibrada.
Mantega disse que não é contra a taxação sobre bancos discutida nos encontros desta semana, mas ponderou que isso não se aplica ao Brasil, cujo sistema bancário enfrentou a crise financeira global relativamente bem.
O ministro afirmou ser a favor da taxação sobre tomadores de risco.
"Uma taxa sobre risco poderia ser aplicada no Brasil", disse, citando instituições com alto nível de alavancagem e que assumem muito risco.