Economia

Brasil tem primário de R$16,9 bi em abril, acima do esperado

No mês passado, a economia para pagamento de juros somou 16,896 bilhões de reais, melhor performance para esse mês desde 2011 (18,052 bilhões de reais)


	Dinheiro: para BC, governo central realizou superávit primário de 16,854 bi de reais no mês passado
 (Dado Galdieri/Bloomberg)

Dinheiro: para BC, governo central realizou superávit primário de 16,854 bi de reais no mês passado (Dado Galdieri/Bloomberg)

DR

Da Redação

Publicado em 30 de maio de 2014 às 16h06.

Brasília - O setor público brasileiro registrou o maior superávit primário de abril em três anos, beneficiado por maiores receitas sazonais e altos dividendos pagos pelas estatais, mas ainda insuficiente para garantir que está no caminho para cumprir a meta deste ano.

No mês passado, a economia para pagamento de juros somou 16,896 bilhões de reais, melhor performance para esse mês desde 2011 (18,052 bilhões de reais), representando 1,87 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) em 12 meses, informou o Banco Central nesta sexta-feira.

O resultado ficou acima do projetado por analistas consultados pela Reuters, cuja mediana apontava saldo positivo no primário de 15 bilhões de reais.

Segundo o BC, o governo central (governo federal, BC e Previdência) realizou superávit primário de 16,854 bilhões de reais no mês passado. Só o governo federal registrou saldo positivo de 19,816 bilhões de reais.

No período, as estatais pagaram dividendos de 2,341 bilhões de reais, informou na véspera o Tesouro Nacional. Além disso, a arrecadação tributária veio mais elevada no mês por tributos de recolhimento sazonal, como Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL).

"Há péssima execução fiscal e com qualidade bastante ruim, com resultados dependentes de dividendos. Isso não ajuda o governo a recuperar a confiança perdida", disse o economista da Rosenberg Associados Rafael Bistafa.

O economista, que projeta para o ano primário de 1,5 por cento do PIB, lembra que para os próximos meses a arrecadação federal maior em abril será repassada aos Estados e municípios. Isso significa que o resultado primário do governo federal será impactado à frente.

As manobras fiscais usadas pelo governo nos últimos anos para fechar as contas abalaram a confiança dos agentes econômicos. Para tentar reverter o quadro, o governo ajustou a meta de superávit primário para torná-la "mais realista" neste ano, para 99 bilhões de reais, ou 1,9 por cento do PIB.

Mesmo reduzindo a meta de primário, o governo teve de buscar fontes adicionais para fechar as contas, prevendo de receitas extraordinárias de 2014 a 28,4 bilhões de reais.

DESEMPENHO NO ANO O saldo positivo do setor público acumulado no ano de 42,527 bilhões de reais é um pouco acima dos 41,048 bilhões de reais em igual período de 2013, embutindo o cumprimento da meta do governo central para o primeiro quadrimestre deste ano, de 28 bilhões de reais.

"Há oscilação de receitas e despesas que ocorrem ao longo do ano", disse o chefe do departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, respondendo a questionamento de jornalistas sobre o fato de o resultado do período ter sido inflado por receitas com dividendos.

Em abril, a despesa com os juros da dívida ficou em 21,5 bilhões de reais, somando 80,158 bilhões de reais no acumulado do ano, praticamente estável em relação a igual período do ano anterior.

Com isso, em abril o déficit nominal (receitas menos despesas, incluindo pagamento de juros) ficou em 4,615 bilhões de reais e em 37,631 bilhões de reais no acumulado do ano, equivalente a 3,14 por cento do PIB num fluxo de 12 meses.

Nesta sexta-feira, o BC projetou que a dívida líquida ficará em 34,2 por cento do PIB em maio, estável em relação a abril. Para a dívida bruta a projeção é de 57,6 por cento do PIB para este mês, ante 57,7 por cento no mês passado.

Acompanhe tudo sobre:economia-brasileiragestao-de-negociosGovernoOrçamento federalResultado

Mais de Economia

G20 se compromete a 'cooperar' para taxar grandes fortunas

Olimpíada de 2024 pode movimentar até 11 bilhões de euros, diz estudo

Aneel aciona bandeira verde e conta de luz deixará de ter cobrança extra em agosto

Governo prevê espaço extra de R$ 54,9 bi para gastos em 2025

Mais na Exame