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Brasil só cresce 2% em 2009 com rápido corte de juros e mais gastos, diz Fator

Selic alta não ajudará a conter o câmbio, nem será necessária para conter a inflação, afirma a corretora

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de dezembro de 2008 às 15h29.

Após o mercado elevar a expectativa de crescimento do PIB para 2008 para cerca de 6%, baseado nos fortes resultados do terceiro trimestre, os economistas voltam-se para o que acontecerá em 2009. O último relatório Focus, do Banco Central, mostra que a média dos bancos consultados projeta um incremento de 2,50% para o PIB no próximo ano. Mas, para a corretora Fator, o Brasil só crescerá mais de 2% se cortar rapidamente, em dois pontos percentuais, a taxa básica de juros, além de elevar o volume de gastos públicos.

O Banco Central deve divulgar, nesta quarta-feira (10/12), a nova meta da Selic para os próximos meses. A maior parte do mercado aposta que o Copom vai mantê-la nos atuais 13,75% ao ano. A expectativa é compartilhada pelos Top 5 do Focus - o grupo de cinco instituições financeiras que mais acertam previsões. O Fator admite a possibilidade de a taxa permanecer no mesmo nível, mas afirma que os juros elevados já não são úteis para a nova conjuntura econômica.

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A instituição argumenta que a queda da Selic é inevitável. Primeiro, porque a demanda deve contrair com a crise. Depois, porque os juros elevados já perderam sua eficiência como instrumento para conter a disparada do dólar, cada vez mais atrelada à escassez mundial de crédito, que dificulta as companhias conseguir recursos para financiar seus projetos ou tocar seu dia-a-dia.

O Fator também observa que as commodities, que estiveram no epicentro das pressões inflacionárias até meados desde ano, assistem à queda de seus preços no mercado internacional, à medida que as economias desenvolvidas desaceleram. "A atividade global entrou em um cenário de deflação, e isso vai afetar os países emergentes de um modo ou outro", afirma relatório da corretora.

Sem utilidade

Para o Brasil, o Fator declara que "as altas taxas de juros serão inúteis para a taxa de câmbio, desnecessárias para a inflação e vão prejudicar o resultado nominal do setor público".

Diante dos recentes números da indústria automotiva, que já acusam queda na produção, a corretora afirma que é possível esperar um incremento de apenas 1,3% do PIB no próximo ano. O resultado significaria, inevitavelmente, uma contração sobre os últimos trimestres. Para que o país minimize os efeitos da crise e cresça mais do que isso, a instituição recomenda que o Copom apresse a queda dos juros. "Nossa hipótese é que uma rápida redução da Selic, de dois pontos, junto com gastos públicos, sustenta um crescimento ligeiramente maior que 2%", diz o relatório.

O Fator espera um corte de 0,25 ponto para a Selic na reunião do Copom desta quarta. Com isso, a taxa básica de juros terminaria 2008 em 13,50% ao ano. No cenário traçado pela corretora, em que os juros caem dois pontos, para 11,75%, ao longo de 2009, o país cresceria 2,20%. A inflação oficial, medida pelo IPCA, seria de 5,50% e o déficit na conta corrente passaria de 30 bilhões de dólares - o estimado para 2008 - para 39 bilhões. O dólar continuaria em um patamar elevado: 2,44 reais.

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