Economia

Brasil se une a protesto de países contra taxação do aço

Diplomatas de quase 40 países fizeram um "pedido" para que a Casa Branca desista de sua decisão, sob o risco de fazer eclodir respostas e retaliações

Aço: a pressão foi solenemente ignorada pelos americanos nas reuniões diplomáticas (Ralph Freso/Getty Images)

Aço: a pressão foi solenemente ignorada pelos americanos nas reuniões diplomáticas (Ralph Freso/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 6 de março de 2018 às 10h15.

Genebra - O Brasil se uniu a um grupo de outros 37 países para protestar nesta segunda-feira, 5, na Organização Mundial do Comércio contra os planos do governo de Donald Trump de impor novas tarifas contra a importação do aço.

Diplomatas brasileiros, assim como todas as demais nações, fizeram um "pedido" para que a Casa Branca desista de sua decisão, sob o risco de fazer eclodir respostas e retaliações com "sérias consequências".

A pressão foi solenemente ignorada pelos americanos nas reuniões diplomáticas, que simplesmente não tocaram no assunto das barreiras e preferiram falar de pesca e outros temas marginais.

Num alerta atípico, a direção da OMC apontou que se o mundo optar por aplicar tarifas e retaliações, a economia global corre o risco de entrar em uma "recessão profunda". Não por acaso, os esforços nos bastidores estão sendo para tentar impedir que Trump vá adiante com o plano.

Na semana passada, Trump indicou que planeja elevar a tarifa de importação de aço e alumínio em 10% e 25%. O que ainda preocupa é que, para justificar o protecionismo, a Casa Branca alegou motivos de segurança nacional.

O anúncio levou vários governos a alertar sobre uma eventual retaliação, inclusive com a decisão da Europa de aplicar respostas contra produtos de alto perfil dos EUA avaliados em 3,5 bilhões de euros.

Por enquanto, a queixa dos governos não ocorre na forma de uma disputa comercial nos tribunais da entidade. Mas governos de todo o mundo aproveitaram uma reunião em Genebra para alertar o governo americano sobre os riscos da decisão que estão prestes a tomar e fazer ameaças.

Nesta segunda-feira, 5, a União Europeia voltou a fazer a advertência. A UE não hesitou em fazer ameaças. Se tal proposta for adiante, a UE deixou claro que vai adotar medidas que "não interessaria a ninguém". Bruxelas, nos bastidores, indicou ainda que vai iniciar consultas para tentar organizar uma queixa comum entre os principais países do mundo contra os EUA.

Retaliações

As ameaças também vieram do Canadá, o maior parceiro comercial americano. Ottawa alertou que a decisão é "inaceitável" e que irá responder com medidas para "defender seus trabalhadores".

A China foi ainda mais explícita. "Todos sentimos o cheiro de uma guerra comercial", alertou. Pequim indicou que apenas os tribunais da OMC poderiam impedir "retaliações terríveis".

O problema, segundo os chineses, é que esses tribunais estão minados por uma recusa justamente do governo americano em aceitar a nomeação de novos juízes.

Diante da paralisia dos tribunais de sua organização e do risco de uma proliferação de medidas protecionistas, o brasileiro Roberto Azevêdo, diretor-geral da OMC, tomou a palavra para alertar aos governos sobre o impacto negativo que uma guerra comercial teria.

"Uma vez que entremos nesse caminho, será muito difícil reverter a direção", disse Azevedo. "Olho por olho deixará todos nós cegos e o mundo em uma profunda recessão", afirmou Azevedo.

Nos corredores da OMC, o clima é qualificado de "sombrio" diante do risco que a eclosão da crise poderia significar para um sistema baseado em regras comerciais rigorosas.As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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