Economia

Brasil pode exportar milho imediatamente para China

Liberação pode ter efeito imediato, mas volumes iniciais devem ser pequenos por preços pouco convidativos


	Grãos de milho em sacos para exportação: milho do Brasil foi aprovado para importação a partir de 31 de março, disseram as autoridades chinesas de quarentena
 (Brent Stirton/Getty Images)

Grãos de milho em sacos para exportação: milho do Brasil foi aprovado para importação a partir de 31 de março, disseram as autoridades chinesas de quarentena (Brent Stirton/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 8 de abril de 2014 às 17h54.

São Paulo - A liberação final do governo chinês para importações de milho brasileiro pode ter efeito imediato no comércio entre os dois países, mas os volumes embarcados devem ser inicialmente pequenos, principalmente por preços pouco convidativos, disseram representantes do setor.

"Do ponto de vista do que cabia ao governo brasileiro fazer, nossa tarefa está cumprida. Daqui para a frente é uma questão da relação comercial entre as empresas", disse à Reuters o diretor de Negociações Sanitárias e Fitossanitárias do Ministério da Agricultura, Lino Colsera.

O milho do Brasil foi aprovado para importação a partir de 31 de março, disseram as autoridades chinesas de quarentena nesta terça-feira, em um comunicado em seu site.

O Ministério da Agricultura ainda não foi oficialmente notificado, mas isso é "natural", segundo Colsera.

Um protocolo entre os governos dos dois países já havia sido assinado em novembro, mas faltava a resolução de algumas questões envolvendo a certificação fitossanitária das empresas exportadoras.

"A experiência que a gente tem com a China é que ela começa pequeno, mas rapidamente evolui. Se não tiver nenhuma surpresa, se for embarcado produto bom, a gente tem grandes possibilidades de ser um grande fornecedor", disse o presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), Sérgio Mendes.

A ressalva, no entanto, é a atratividade dos preços internacionais.


Na estimativa de Mendes, os preços internacionais do milho --e por consequência o que é pago no porto-- precisam ser no mínimo metade do pago pela soja.

"Precisa um preço elevado para poder pagar o custo de logística (até o porto)", disse Mendes.

Uma saca de soja é negociada atualmente no porto de Paranaguá a cerca de 72 reais, segundo o Indicador Cepea/BM&FBovespa, enquanto o indicador Cepea para o milho está em cerca de 31 reais por saca.

Numa relação semelhante, a soja em Chicago fechou em 14,8 dólares por bushel nesta terça, contra 5 dólares para o milho.

"Supondo que tenha um nível de preços razoável, pode estar certo que o Brasil vira um exportador importante", disse Sérgio Mendes. "As empresas grandes punham muita fé nesse acordo com a China." O Brasil deverá figurar na temporada 2013/14 entre os grandes exportadores de milho do mundo, mas ficará distante do posto de maior exportador global registrado na safra 2012/13, quando exportou 25 milhões de toneladas, segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA).

Em 12/13, o Brasil só alcançou essa condição por conta da quebra de safra nos EUA, que são tradicionalmente os maiores exportadores globais.

Para 13/14, o USDA projeta exportações do Brasil de 20 milhões de toneladas, contra mais de 40 milhões de toneladas dos embarques dos EUA, que tiveram uma grande safra.

Na temporada passada (2012/13), o Brasil teve uma colheita recorde de milho acima de 80 milhões de toneladas, que foi suficiente para ocupar parte do mercado deixado pelos EUA. Em 13/14, o USDA estima a safra do Brasil em 70 milhões de toneladas.

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