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Brasil pode aproveitar globalização, diz Meirelles em Davos

Ministro da Fazenda afirmou que o país precisa primeiro implantar reformas e melhorar a produtividade

Meirelles: "no Brasil agora o desafio é fazer as reformas, o mais importante para o Brasil agora é criar empregos" (Ruben Sprich/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 18 de janeiro de 2017 às 13h47.

Davos - O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles , acredita que o Brasil poderá tirar proveito da globalização depois que fizer suas reformas e ampliar sua produtividade.

Em declaração durante coletiva de imprensa em Davos nesta quarta-feira, 18, ele avaliou que o País está num estágio diferente perante países avançados e não consegue aproveitar tanto o ganho de uma integração global.

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Ele reforçou o que disse mais cedo durante um painel sobre a crise da classe média nos países desenvolvidos: "Essa classe média está incomodada por não dividir os ganhos da globalização."

Meirelles comentou que a classe média dos países mais ricos está incomodada em relação à percepção de que não estão dividindo os ganhos da globalização.

"No Brasil agora o desafio é fazer as reformas. O mais importante para o Brasil agora é criar empregos", afirmou.

No debate mais cedo, Meirelles, avaliou que a globalização é um fenômeno que, para o mundo como um todo, trouxe benefícios, tirando mais gente da pobreza e levando para a classe média.

Ele participou do painel "Comprimida e irritada: Como reparar a crise da classe média".

"Evidentemente que globalização trouxe pessoas da classe baixa para a classe média. Isso é extremamente positivo", considerou, acrescentando que este é um debate que gira mais em torno das economias desenvolvidas.

Durante sua fala, ele citou que, nos últimos 25 anos, a classe média dobrou no Brasil. Disse também que, nos últimos anos, o País passou por uma recessão, mas que agora voltará a crescer.

O ministro da Fazenda brasileiro avaliou também que a globalização tem gerado vencedores e perdedores. Para muitos especialistas, é o movimento dos perdedores que vem gerando inquietação da classe média.

O assunto foi colocado em pauta depois de algumas surpresas, principalmente políticas, vistas no ano passado e que foram basicamente capitaneadas pela classe média.

A decisão pela saída do Reino Unido da União Europeia (Brexit), a vitória do republicano Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, a vitória do não na Itália num referendo que propunha a maior reforma constitucional do país nos últimos 70 anos e a ascensão do populismo em várias regiões do globo.

O ministro das Finanças italiano, Pier Carlo Padoan, resumiu durante sua fala no painel o que foi visto nos últimos meses: "A classe média está desiludida com o futuro, não enxerga a possibilidade de um mercado de trabalho para todos, para seus filhos, e optou por dizer não às propostas sugeridas por seus líderes."

Padoan, inclusive, era um dos mais cotados para ser o primeiro-ministro italiano, depois que Matteo Renzi renunciou ao cargo ao perder no referendo de dezembro.

Para Meirelles, é preciso deixar clara a diferença entre problemas que surgem de algumas reações à globalização versus reações mais populistas que se aproveitam da situação.

Ele citou como exemplo o que ocorreu depois da Primeira Guerra Mundial, quando a Europa passava por um período de consequências negativas e movimento populistas se aproveitaram da situação para emergirem.

BCs

Questionado sobre se os bancos centrais do mundo podem ser considerados também culpados pela crise da classe média atual, com a disponibilidade de recursos muito baratos, Meirelles disse que "eles são".

Ele lembrou que essas instituições percorrem diferentes caminhos ao longo do tempo e considerou que a situação atual pode ser avaliada como "calma".

"Os BCs agora não têm que lidar com crise de liquidez e de crédito, mas lidam com inflação baixa", considerou.

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