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Brasil perde para Venezuela em ranking de crescimento inclusivo

Relatório lançado hoje pelo Fórum Econômico Mundial combina medidas de crescimento com bem-estar social - e o Brasil se saiu mal

A educação foi um fator que contou contra o Brasil (Yves Herman/Reuters)

João Pedro Caleiro

Publicado em 16 de janeiro de 2017 às 17h21.

Última atualização em 16 de janeiro de 2017 às 19h32.

São Paulo - O Brasil ficou na 30ª posição entre 79 países em desenvolvimento em um ranking de "crescimento inclusivo e desenvolvimento".

Estamos atrás de países como Argentina (11ª), China (15ª), Turquia (20ª) e Venezuela (26ª) e na frente de Colômbia (33ª) e Filipinas (40ª).

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"Para deixar o crescimento mais inclusivo, o sistema educacional precisa ser modernizado, particularmente para que jovens de origens socioeconômicas mais pobres, atualmente menos bem-sucedidos, possam se beneficiar de um ambiente com igualdade de condições", diz o texto.

Noruega, Luxemburgo e Suíça ficaram nos primeiros lugares enquanto Reino Unido ficou em 21º e os Estados Unidos em 23º no ranking geral.

Critérios

O relatório foi divulgado pelo Fórum Econômico Mundial, que começa amanhã sua consagrada reunião anual da elite mundial em Davos, na Suíça.

Foram analisadas a situação atual e a tendência para os próximos 5 anos dos países com base em critérios que vão além do PIB, considerando também seus efeitos sobre o bem-estar social.

"Usar o PIB como medida de prosperidade não leva em conta quem está ficando mais rico e como - consequências que podem ter implicações profundas para a sociedade", diz o texto.

Além disso, medidas antiquadas fazem com que produtos e serviços da nova economia passem despercebidos, ainda que tenham amplo impacto social.

Para corrigir isso, o Fórum usou tanto medidas econômicas (como PIB per capita, produtividade e emprego) quanto medidas de inclusão (como taxa de pobreza e desigualdade de renda e de riqueza).

Também foram usados dados de educação, serviços básicos, infraestrutura, criação de ativos, empreendedorismo e outros.

Fraquezas

A economia brasileira está ficando mais intensiva no uso de carbono e tem um dos piores níveis de dívida pública entre os emergentes.

Esses dois fatores derrubaram nossa nota no pilar "intergeracional", sobre como políticas atuais podem prejudicar gerações futuras.

"Acesso e preço do sistema de saúde também devem ser abordados. A corrupção permanece como um grande problema, minando a confiança no sistema e tornando mais difícil alcançar várias metas de desenvolvimento", diz o texto.

Outros destaques negativos para o Brasil são a informalidade, a desigualdade e o desemprego em alta: a cada 3 novos desempregados no mundo em 2017, um será brasileiro, segundo a Organização Mundial do Trabalho (OIT).

O país também atravessa a maior crise econômica de sua história e a retomada do crescimento em 2017 deve ser tímida (o FMI divulgou hoje expectativa de 0,2%, contra 0,5% segundo o Boletim Focus).

Cenário global e reformas

O Fórum destacou no relatório alguns dos desafios da globalização que fizeram mais da metade dos 103 países medidos verem suas pontuações caírem nos últimos 5 anos.

São citados a falta de investimento, a produtividade estagnada, a queda da participação do trabalho no total da riqueza e a desigualdade em alta entre os indivíduos, ainda que tenha caído entre os países.

A ONG Oxfam destacou hoje que as 8 pessoas mais ricas do planeta têm a mesma riqueza que as 50% mais pobres.

Para combater esse e outros problemas, alguns países tem espaço fiscal de menos (porque a dívida está muito alta) ou espaço monetário de menos (porque os juros já estão baixos demais) - e a única saída é uma agenda de reformas.

"Em países de rendas média experimentando exportações e preços de commodities fracos, com a política monetária constrangida pelo risco de depreciação cambial e fuga de capital, e espaço fiscal limitado (como por exemplo, a maioria dos BRICS - Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), uma agenda de reforma estrutural dessa natureza é precisamente o que pode rebalancear seu modelo de crescimento em direção a um consumo doméstico mais robusto", diz o texto.

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