Economia

Brasil não quer menções ao protecionismo na declaração do G20

Governo brasileiro trabalha para retirar do texto compromisso de não aumentar as barreiras comerciais

Presidente Dilma Rousseff chega para reunião do G20: Brasil não quer menção ao protecionismo (Roberto Stuckert Filho/PR)

Presidente Dilma Rousseff chega para reunião do G20: Brasil não quer menção ao protecionismo (Roberto Stuckert Filho/PR)

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Da Redação

Publicado em 3 de novembro de 2011 às 16h29.

Cannes - O Brasil pretende suprimir da declaração final do G20 qualquer referência contra o protecionismo, segundo fontes que participam da cúpula que reúne as potências desenvolvidas e emergentes a partir desta quinta-feira em Cannes, sul da França.

Na declaração de Toronto, em junho de 2010, os países do G20 se comprometeram a manter não apenas "seus mercados abertos" devido à crise econômica global que causou a maior queda do comércio em mais de 70 anos, como também decidiram "renovar por mais três anos, até o fim de 2013", o compromisso de não aumentar ou impor novas barreiras aos investimentos ou ao comércio de bens e serviços.

Também se comprometeram a não impor novas restrições às exportações e não implementar medidas que firam as normas da Organização Mundial do Comércio (OMC) para estimular as exportações, além de corrigir tais medidas caso sejam adotadas.

Mas, segundo estas fontes, o Brasil tenta eliminar da declaração que deve ser adotada pelos líderes do G20 nesta sexta-feira qualquer referência contra o protecionismo e eliminar o prazo de 2013 dado na anterior.

Apesar de em outubro o superávit comercial do Brasil ter crescido 75% em comparação ao mesmo período de 2010, para 25,39 bilhões de dólares, as autoridades de Brasília anunciaram em setembro a introdução a partir de 15 de dezembro de um aumento de 30 pontos percentuais no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de carros fabricados com menos de 65% de peças nacionais ou de fora do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai).

O governo Dilma Rousseff adotou a medida para favorecer a produção nacional frente ao forte aumento das importações, sobretudo da China, principal sócio comercial do Brasil.

A elevação do IPI, do qual também foi excluído o México, acarretará um aumento de entre 27% e 36% o preço final dos automóveis, segundo a Associação Nacional de Fabricantes de Veículos.

A Argentina é a fonte de 42,2% dos carros importados pelo Brasil, seguida da Coreia do Sul (19,36%) e da China (11,66%), segundo dados do setor.

Japão, Coreia do Sul e outros países afetados pela medida questionaram a decisão e pediram explicações às autoridades brasileiras.

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