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Brasil está preparado para nova fase da crise, diz Mantega

Em audiência pública conjunta de diversas comissões da Câmara, o ministro da Fazenda disse que o país manterá a inflação sob controle e as contas públicas em ordem

"Continuaremos permanentemente fazendo ajustes e faremos reduções de despesa de custeio para garantir meta fiscal de pelo menos 2,3 %", afirmou o ministro da Fazenda (Wilson Dias/ABr)
DR

Da Redação

Publicado em 26 de junho de 2013 às 16h14.

Brsília - As recentes turbulências internacionais não devem gerar falta de liquidez nos mercados, mas de qualquer forma o Brasil está preparado para enfrentar esse "novo capítulo da crise" internacional, disse nesta quarta-feira o ministro da Fazenda.

Em audiência pública conjunta de diversas comissões da Câmara dos Deputados, o ministro Guido Mantega disse que o país irá manter a inflação sob controle e as contas públicas em ordem. Mantega falou por cinco horas, e foi alvo de duras críticas de parlamentares da oposição.

Mantega defendeu que o Brasil está preparado para enfrentar o novo cenário com as turbulências decorrentes da esperada redução dos estímulos monetários dos Estados Unidos.

Para ele, essa nova situação na maior economia do mundo causa incerteza e volatilidade, mas o Brasil está bem posicionado, entre outros motivos, pelo mercado interno forte e reservas internacionais elevadas.

"Essa situação causa turbulência, que continua, mas deverá diminuir em algum momento e vai se acomodar em outra posição. Isso não significa que vai haver diminuição da liquidez internacional", afirmou Mantega.

Na semana passada, o Federal Reserve, banco central norte-americano, deu sinais de que pode reduzir seu programa de compra de ativos ainda este ano diante de indicadores de melhora da atividade econômica, causando fortes reações nos mercados financeiros com a possibilidade de que haja menos dólares circulando.

Mantega reconheceu que essas sinalizações criaram grande fluxo de capitais para os Estados Unidos, afetando o câmbio e causando desvalorização principalmente das moedas de emergentes. No Brasil, o dólar chegou a 2,25 reais.

Para enfrentar essa instabilidade, o ministro disse que o Brasil controla a inflação que, neste ano, terminará dentro da meta de 4,5 % pelo IPCA, com tolerância de 2 pontos percentuais. Em maio, o indicador estava exatamente no teto do alvo em 12 meses.

"A inflação estará sob controle neste ano, no próximo e enquanto estivermos no governo", afirmou o ministro, acrescentando que uma eventual mudança na política do Fed não atrapalhará a recuperação econômica no Brasil.


As afirmações do ministro acabaram repercutindo no mercado futuro de juros, reduzindo as baixas nas taxas.

Metas fiscais

Mantega também reafirmou que o Brasil cumprirá as metas fiscais estabelecidas e que terá superávit primário de pelo menos 2,3 % do Produto Interno Bruto (PIB) este ano, o que será garantido por reduções de despesas de custeio.

Para ele, o déficit nominal está em trajetória de queda e que nós próximos anos o Brasil poderá ter déficit nominal zero.

"Continuaremos permanentemente fazendo ajustes e faremos reduções de despesa de custeio para garantir meta fiscal de pelo menos 2,3 %", afirmou o ministro, acrescentando ainda que o governo cumprirá suas metas fiscais mesmo que sejam feitas algumas concessões às manifestações populares vistas no país nas últimas semanas.

A meta cheia do superávit primário deste ano é de 155,9 bilhões de reais, ou cerca de 3,1 % do PIB, mas o governo já assumiu que não chegará a esse número. Além da fraca recuperação da atividade econômica, que afeta as receitas, o governo também arcou com inúmeras medidas de estímulos e que envolveram desonerações que, neste ano, devem somar 70 bilhões de reais.

Bateu, levou

Passando por um momento delicado, com rumores de que poderia deixar seu cargo, Mantega foi bastante bombardeado por críticas dos parlamentares presentes à audiência pública.

"Há uma crise de confiança e essa crise de confiança chama-se Guido Mantega e equipe econömica", disse o deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ).

O deputado Duarte Nogueira (PSDB-SP) disse que a crítica feita pelos parlamentares da oposição foi coordenada. "A atuação da oposição foi uma ação organizada em questionar o ministro Mantega sobre as incoerências do governo versus a realidade brasileira de crescimento pífio, inflação que corrói a renda da população e a cobrança das pessoas nas ruas."


Do lado da base de apoio ao governo, o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) disse que o embate envolvendo questões econômicas será mais frequente daqui para a frente até a eleição. "O que se viu na audiência foi uma disputa entre o governo e a oposição e a tendência é que isso se acirre."

Mantega buscou responder às críticas usando números da economia brasileira dos últimos anos, e reforçando que o governo está comprometido com importantes variáveis, como controle da inflação e cumprimento das metas fiscais.

Em alguns momentos, ele também partiu para o ataque e classificou como "fofocas" os rumores de que poderia sair do ministério. Em resposta ao deputado Rodrigo Maia, Mantega disse que o parlamentar vivia num mundo sem crise internacional, ao acusar somente o governo brasileira pela situação econômica.

"Nós somos responsáveis pela crise mundial?", brincou Mantega.

Ainda em resposta às fortes críticas dos oposicionistas, o ministro comentou que se ele tivesse adotado a estratégia econômica dos adversários o governo teria fracassado.

"Se fôssemos praticar a política sugerida pela oposição teríamos naufragado."

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Em audiência pública conjunta de diversas comissões da Câmara dos Deputados, o ministro Guido Mantega disse que o país irá manter a inflação sob controle e as contas públicas em ordem. Mantega falou por cinco horas, e foi alvo de duras críticas de parlamentares da oposição.

Mantega defendeu que o Brasil está preparado para enfrentar o novo cenário com as turbulências decorrentes da esperada redução dos estímulos monetários dos Estados Unidos.

Para ele, essa nova situação na maior economia do mundo causa incerteza e volatilidade, mas o Brasil está bem posicionado, entre outros motivos, pelo mercado interno forte e reservas internacionais elevadas.

"Essa situação causa turbulência, que continua, mas deverá diminuir em algum momento e vai se acomodar em outra posição. Isso não significa que vai haver diminuição da liquidez internacional", afirmou Mantega.

Na semana passada, o Federal Reserve, banco central norte-americano, deu sinais de que pode reduzir seu programa de compra de ativos ainda este ano diante de indicadores de melhora da atividade econômica, causando fortes reações nos mercados financeiros com a possibilidade de que haja menos dólares circulando.

Mantega reconheceu que essas sinalizações criaram grande fluxo de capitais para os Estados Unidos, afetando o câmbio e causando desvalorização principalmente das moedas de emergentes. No Brasil, o dólar chegou a 2,25 reais.

Para enfrentar essa instabilidade, o ministro disse que o Brasil controla a inflação que, neste ano, terminará dentro da meta de 4,5 % pelo IPCA, com tolerância de 2 pontos percentuais. Em maio, o indicador estava exatamente no teto do alvo em 12 meses.

"A inflação estará sob controle neste ano, no próximo e enquanto estivermos no governo", afirmou o ministro, acrescentando que uma eventual mudança na política do Fed não atrapalhará a recuperação econômica no Brasil.


As afirmações do ministro acabaram repercutindo no mercado futuro de juros, reduzindo as baixas nas taxas.

Metas fiscais

Mantega também reafirmou que o Brasil cumprirá as metas fiscais estabelecidas e que terá superávit primário de pelo menos 2,3 % do Produto Interno Bruto (PIB) este ano, o que será garantido por reduções de despesas de custeio.

Para ele, o déficit nominal está em trajetória de queda e que nós próximos anos o Brasil poderá ter déficit nominal zero.

"Continuaremos permanentemente fazendo ajustes e faremos reduções de despesa de custeio para garantir meta fiscal de pelo menos 2,3 %", afirmou o ministro, acrescentando ainda que o governo cumprirá suas metas fiscais mesmo que sejam feitas algumas concessões às manifestações populares vistas no país nas últimas semanas.

A meta cheia do superávit primário deste ano é de 155,9 bilhões de reais, ou cerca de 3,1 % do PIB, mas o governo já assumiu que não chegará a esse número. Além da fraca recuperação da atividade econômica, que afeta as receitas, o governo também arcou com inúmeras medidas de estímulos e que envolveram desonerações que, neste ano, devem somar 70 bilhões de reais.

Bateu, levou

Passando por um momento delicado, com rumores de que poderia deixar seu cargo, Mantega foi bastante bombardeado por críticas dos parlamentares presentes à audiência pública.

"Há uma crise de confiança e essa crise de confiança chama-se Guido Mantega e equipe econömica", disse o deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ).

O deputado Duarte Nogueira (PSDB-SP) disse que a crítica feita pelos parlamentares da oposição foi coordenada. "A atuação da oposição foi uma ação organizada em questionar o ministro Mantega sobre as incoerências do governo versus a realidade brasileira de crescimento pífio, inflação que corrói a renda da população e a cobrança das pessoas nas ruas."


Do lado da base de apoio ao governo, o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) disse que o embate envolvendo questões econômicas será mais frequente daqui para a frente até a eleição. "O que se viu na audiência foi uma disputa entre o governo e a oposição e a tendência é que isso se acirre."

Mantega buscou responder às críticas usando números da economia brasileira dos últimos anos, e reforçando que o governo está comprometido com importantes variáveis, como controle da inflação e cumprimento das metas fiscais.

Em alguns momentos, ele também partiu para o ataque e classificou como "fofocas" os rumores de que poderia sair do ministério. Em resposta ao deputado Rodrigo Maia, Mantega disse que o parlamentar vivia num mundo sem crise internacional, ao acusar somente o governo brasileira pela situação econômica.

"Nós somos responsáveis pela crise mundial?", brincou Mantega.

Ainda em resposta às fortes críticas dos oposicionistas, o ministro comentou que se ele tivesse adotado a estratégia econômica dos adversários o governo teria fracassado.

"Se fôssemos praticar a política sugerida pela oposição teríamos naufragado."

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