Economia

Brasil enfrenta riscos ao crescimento no próximo ano, diz FGV

As projeções do Ibre/FGV de crescimento são de 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano e de 2,3% em 2018

Economia: há risco vindo do cenário externo porque, em 2016, os fatores da economia internacional contribuíram muito para a economia brasileira (Carl Dwyer/SXC/SXC)

Economia: há risco vindo do cenário externo porque, em 2016, os fatores da economia internacional contribuíram muito para a economia brasileira (Carl Dwyer/SXC/SXC)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 17 de março de 2017 às 19h14.

Última atualização em 17 de março de 2017 às 19h15.

Rio - Os rumos da reforma da Previdência, o cenário internacional e as eleições de 2018 são os principais fatores de risco para o crescimento econômico no Brasil entre este e o próximo ano, afirmou nesta sexta-feira, 17, Armando Castelar, professor da UFRJ e pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

Citando as projeções do Ibre/FGV, recentemente revisadas, de crescimento de 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano e de 2,3% em 2018, com inflação controlada (IPCA em 4,1% em 2017 e em 4,3% em 2018), Castelar destacou a importância desses fatores para que o cenário de concretize.

Segundo o pesquisador, o mercado está "precificando" que a reforma da Previdência será aprovada no Congresso Nacional de forma "bastante integral".

"Eu acho que passa e passa 'bastante integral', mas não é risco zero", disse Castelar em palestra no seminário sobre conjuntura promovido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), no Rio.

Castelar lembrou que a situação fiscal ainda é delicada e, sem a reforma das regras de aposentadoria ou se a proposta passar "de forma muito 'aguada'", os ativos "vão ter que mudar de preço".

"A gente está numa corda bamba fiscal e, se o Congresso não aprovar a reforma da Previdência, pode ter um amargo despertar", afirmou Castelar.

O pesquisador da FGV pediu atenção ao risco vindo do cenário externo porque, em 2016, os fatores da economia internacional contribuíram muito para a economia brasileira.

Houve recuperação das cotações de commodities, o que beneficiou os termos de troca e impulsionou o superávit da balança comercial. Até mesmo os riscos associados à gestão do presidente Donald Trump nos Estados Unidos se dissiparam.

O problema, segundo Castelar, é justamente isso. Da mesma forma que os mercados parecem olhar apenas para aspectos positivos de uma mudança na política econômica americana, ignorando guinadas negativas, tudo pode mudar.

Para piorar, assim como há poucas explicações sobre os motivos para esse comportamento dos mercados, é difícil prever razões para uma virada no sentido do aumento do risco.

Por fim, o risco eleitoral de 2018 começará a entrar no radar.

"Com a taxa de desemprego elevada, não vai ser simples. Há vários políticos com plataformas populistas à direita e à esquerda", disse Castelar, lembrando que, quanto mais rapidamente as reformas forem aprovadas e o crescimento econômico voltar, mais difícil será uma plataforma populista sair vencedora nas eleições.

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