Presidente Dilma Rousseff durante cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília (REUTERS/Ueslei Marcelino)
João Pedro Caleiro
Publicado em 4 de janeiro de 2016 às 13h16.
São Paulo - A crise no Brasil foi incluída pela consultoria Eurasia Group, uma das mais importantes do mundo, entre os 10 maiores riscos internacionais para o ano de 2016.
"A crise política e econômica deve piorar ao longo de 2016. Ao contrário das esperanças de alguns comentaristas e atores do mercado, a batalha do impeachment de Rousseff no começo do ano não deve terminar o impasse político", diz o texto.
O problema é que se Dilma sobreviver no cargo, provavelmente não terá cacife para aprovar as reformas necessárias para conter o déficit público, além de continuar vulnerável aos efeitos da Lava Jato e da investigação sobre o ex-presidente Lula.
A briga pelo impeachment exigirá da presidente acenos a sua base de esquerda - o que explica a nomeação de Nelson Barbosa para o Ministério da Fazenda e tende ao enfraquecimento do ímpeto por corte de gastos.
"Se Rousseff continuar no cargo, será uma presidente cada vez mais cativa dos elementos radicais de seu partido e amarrada por um Congresso mais antagonista, levando à paralisia política", diz o texto.
Caso Dilma caia e Temer assuma (o que a Eurasia considera menos provável) poderia haver um otimismo inicial no setor privado, com apelo pela união nacional, apoio do PSDB e sugestão de reformas.
Mas as fraquezas apareceriam rápido, já que o PMDB de Temer continuaria sendo alvejado pela Lava Jato, e manter o apoio político ao novo governo ficaria cada vez mais custoso para os outros partidos.
Temer ainda teria que lidar com um PT sem medo de ser oposição, descontente com a saída de Dilma e com uma nova "agenda neoliberal", e isso em um cenário de desemprego chegando a dois dígitos.
Segundo a Eurasia, a forma mais "limpa" de sair da crise seria com a anulação da eleição de 2014 pelo Tribunal Superior Eleitoral com base na acusação de contribuições ilícitas de campanha. Uma eleição seria convocada em 90 dias .
"Apesar de improvável, este resultado teria o benefício de trazer um presidente eleito diferente com legitimidade política nova. Mas não estamos apostando nisso. 2016 será caracterizado pelo aprofundamento da crise no Brasil", diz o texto.
Veja quais são os 10 maiores riscos internacionais para 2016 segundo o Eurasia Group:
1. O esvaziamento da aliança transatlântica entre Estados Unidos e Europa
2. O fechamento da Europa em si mesma
3. O impacto da desaceleração da China
4. A ameaça do Estado Islâmico e seus "amigos"
5. Discórdia e instabilidade na Arábia Saudita
6. A entrada de atores importantes do mundo tecnológico no mundo político
7. Líderes imprevisíveis como Vladimir Putin (Rússia) e Taryp Erdogan (Turquia)
8. Crise no Brasil
9. Menos eleições (e, portanto, oportunidades de mudança) em mercados emergentes
10. Turquia