Presidente Dilma Rousseff, com líderes da África do Sul (Ferhat Momade/AFP)
Da Redação
Publicado em 16 de novembro de 2011 às 15h53.
São Paulo - A presidente Dilma Rousseff segue o exemplo do governo anterior e aposta no fortalecimento das relações com a África, um continente rico em recursos e cada vez mais procurado pelas grandes potências mundiais, afirmam analistas.
No mês passado, Dilma realizou sua primeira viagem ao continente africano desde que assumiu o cargo, em janeiro. A presidente visitou a África do Sul, Moçambique e Angola.
Até o final deste mês, uma equipe da Agência de Promoção de Exportações será enviada aos três países para discutir investimentos e oportunidades comerciais, disseram funcionários.
Um diplomata explicou que Dilma está centrada neste momento na agenda interna, no combate a corrupção e na redução da desigualdade imensa do país.
Na política exterior, o Brasil prioriza as relações com seus vizinhos latino-americanos, principalmente com os parceiros do Mercosul: Argentina, Paraguai e Uruguai, além de Venezuela, em processo de associação.
Os especialistas afirmam que o Brasil estuda uma parceria estratégica em longo prazo com a África como parte do objetivo de se tornar a quinta potência mundial até 2022, ano do bicentenário da independência do país.
O comércio total entre Brasil e África saltou de 4,2 bilhões de dólares no ano 2000 para mais de 20 bilhões até setembro deste ano, com exportações que ultrapassam 8 bilhões de dólares anuais - principalmente de bens manufaturados brasileiros - e importações de mais de 11 bilhões, segundo números oficiais.
"Acredito que Dilma seguirá a mesma política, mas não com a mesma intensidade que Lula. Não se envolverá tanto", disse à AFP Pio Penna Filho, especialista em África da Universidade de Brasília. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou o continente 10 vezes em seus 8 anos de governo.
O especialista identifica Angola, Nigéria e África do Sul como países que poderão se tornar sócios estratégicos do Brasil.
A África do Sul é parceiro do Brasil no bloco de países emergentes Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e na IBSA, que agrupa os três gigantes do hemisfério sul (Índia, Brasil e África do Sul).
Nos últimos seis anos, Brasília outorgou mais de 3 bilhões de dólares em créditos para a Angola, a maioria para projetos de reconstrução de estradas, represas e pontes destruídas pela guerra civil.
Na Nigéria, maior produtora de petróleo da África, a estatal brasileira Petrobras tem investido bilhões de dólares nos setores de carvão, petróleo, gás natural e energias alternativas.
A Petrobras, líder mundial em exploração em águas profundas, disse que está presente também na Angola, Benim, Líbia, Namíbia, Nigéria e Tanzânia.
Outras empresas brasileiras ativas na África incluem a construtora Odebrecht na Angola e a Vale, que abriu uma nova mina de carvão de 1,7 bilhão de dólares em Moçambique em maio e tem planos de investir até 20 bilhões de dólares nos próximos cinco anos.