Economia

"Brasil ainda precisa provar capacidade de reação a crises", diz Moody's

Segundo agência, decisão da Standard & Poor's não afeta sua avaliação porque o país ainda tem indicadores piores do que os dos que já são grau de investimento

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h29.

Apesar de a economia brasileira ter conquistado diversos avanços sob a ótica dos investidores internacionais, o país ainda precisa provar sua capacidade de reação a crises. A afirmação é de Mauro Leos, analista sênior da agência de classificação de riscos Moody';s para a América Latina, uma das três mais importantes do mundo, ao lado da a Standard&Poor';s e da Fitch.

"O Brasil melhorou, mas ainda existem vulnerabilidades que precisam ser analisadas, por isso nossa posição não muda. Claramente os países classificados como grau de investimento ainda têm indicadores melhores do que os do Brasil", disse em entrevista à Exame.

A afirmação de Leos vem após a Standard & Poor';s elevar a classificação do Brasil de "BB+" para "BBB-" na tarde dessa quarta-feira (30/4), o que caracteriza o país como grau de investimento.

Incertezas

Segundo Leos, ainda existem incertezas fiscais sobre o Brasil relativas a três aspectos: a carga da dívida, a estrutura da dívida e tendências dos gastos do país. "Até agora, temos dúvidas principalmente a respeito da capacidade de o Brasil reagir a uma crise e ainda manter sua estabilidade".

Em agosto do ano passado, a Moody';s havia elevado as principais notas brasileiras - de títulos do governo em moeda estrangeira e moeda local - de Ba2 para Ba1, com perspectiva estável. Na ocasião a agência informou que a elevação refletia a melhoria observada no perfil de endividamento geral do governo, a antecipação de uma redução mais acelerada dos indicadores de endividamento do governo no futuro próximo e a esperada continuação de fortalecimento dos indicadores de dívida externa.

"Estamos analisando agora quais impactos teriam os choques na economia brasileira e qual é a capacidade do país em reagir a esses choques. Existe uma verificação junto ao Banco Central para saber quais são essas condições e vamos compará-las com as tendências que temos visto", afirmou.

A S&P justifica em seu relatório divulgado nesta quarta-feira (30/4) que "embora a dívida líquida geral do governo permaneça maior que o de muitos países BBB, o histórico de decisões previsíveis e confiáveis de gestão fiscal e da dívida pragmática mitiga esse risco".

Procurada pela EXAME, a agência Fitch Ratings informou que está reavaliando a classificação do Brasil há cerca de uma semana. Analistas norte-americanos estão no país, mas ainda não há uma definição. Em maio do ano passado, a Fitch havia elevado a classificação do Brasil de "BB" para "BB+", deixando o país também a um passo do grau de investimento.

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