Economia

Bolsonaro quer ampliar refino e elogia venda de refinarias pela Petrobras

Em governos anteriores, a Petrobras chegou a trabalhar com altas taxas de utilização de refinarias, como forma de suprir o mercado e evitar importações

Posto de gasolina: Petrobras tem quase 100% da capacidade de refino do Brasil (Sergio Moraes/Reuters)

Posto de gasolina: Petrobras tem quase 100% da capacidade de refino do Brasil (Sergio Moraes/Reuters)

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Reuters

Publicado em 3 de março de 2021 às 17h42.

O presidente Jair Bolsonaro defendeu nesta quarta-feira uma maior concorrência no mercado de combustíveis e disse que o Brasil poderia estar com taxas mais elevadas de refino, sem citar diretamente a Petrobras, que detém quase a totalidade da capacidade de produção de derivados no país.

Ele afirmou ainda que o governo apura a suspeita de que refinarias estariam refinando uma quantidade reduzida de óleo diesel. Isso, segundo ele, obriga o Brasil a importar mais esse insumo, o que encareceria o preço final pago pelo consumidor.

A Petrobras tem quase 100% da capacidade de refino do Brasil. O atual presidente, Roberto Castello Branco, lidera um programa para vender metade desse parque de refinarias, concentrando as operações da companhia apenas nos Estados do Rio e São Paulo.

Bolsonaro disse também que a Petrobras pode colaborar com outros órgãos no combate a cartéis e adulteração de combustíveis e defendeu que é preciso diversificar "o máximo possível" a questão das refinarias.

"Nós poderíamos estar refinando mais e há interesse, estamos apurando se é verdade, que há interesse em refinar menos para nos obrigar a importar óleo diesel, o que encarece o óleo diesel", disse.

Na semana passada, o diretor executivo de refino e gás da Petrobras, Rodrigo Costa Lima e Silva, explicou que a empresa elevou o fator de utilização do parque de refino no primeiro bimestre deste ano, atingindo 86% em fevereiro, ante média de 79% em 2020, diante de um aumento da demanda.

Em governos anteriores, a Petrobras chegou a trabalhar com altas taxas de utilização de refinarias, como forma de suprir o mercado e evitar importações. Embora a responsabilidade por garantir o abastecimento nacional seja formalmente da reguladora ANP, a petroleira acabava por desempenhar esse papel.

Mas nas administrações de Castello Branco e do presidente anterior, Pedro Parente, houve um direcionamento mais voltado para a maximização de valor. Dessa maneira, a empresa busca sempre o melhor resultado financeiro ao tomar decisões sobre o funcionamento de suas refinarias e das importações.

Nesse contexto, ambas as administrações defenderam a prática de paridade de importação, o que permitiria que outras empresas atuassem nas compras externas para trazer produto.

A prática, juntamente com a vendas das refinarias, segundo os dois gestores, criariam um ambiente mais propício para investimentos privados em refino.

Cartéis

Bolsonaro afirmou ainda que quer avaliar a atuação do que chamou de "cartéis", sem dar detalhes, e que tem discutido com a ANP formas para se abrir mais o mercado e "não ficar preso a alguns monopólios que existem aqui".

As falas do presidente estão na esteira da troca do presidente da Petrobras após sucessivos aumentos no preço dos combustíveis desde o início do ano.

Bolsonaro decidiu indicar o general reformado Joaquim Silva e Luna para o comando da estatal, o que provocou uma forte queda nas ações da empresa na bolsa de valores.

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