Economia

Bolsonaro: "Pediram cabeça de Guedes" após menção a AI-5

Presidente não revela de quem partiu o pedido e afirma que ministro "está firme no cargo"

Bolsonaro e Guedes (Isac Nóbrega/PR/Flickr)

Bolsonaro e Guedes (Isac Nóbrega/PR/Flickr)

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Agência O Globo

Publicado em 3 de dezembro de 2019 às 17h00.

Última atualização em 3 de dezembro de 2019 às 17h01.

Brasília - Em entrevista à "Rede Record" na noite de segunda-feira, o presidente Jair Bolsonaro revelou que chegou a ser pressionado para afastar o ministro da Economia, Paulo Guedes, depois de ele ter dito na semana passada, em entrevista em Washington, que não se surpreenderia se "alguém pedir o AI-5", caso ocorressem manifestações violentas nas ruas.

Segundo o presidente,  o objetivo de quem pediu a demissão do ministro é desequilibrar a economia, mas assegurou que não haverá alterações na condução da equipe econômica.

"Os que pedem a cabeça de Paulo Guedes, ou pediram, é exatamente com o objetivo nos desequilibrar na questão econômica. Paulo Guedes está firme, sem problema nenhum, fazendo um brilhante trabalho. A reforma mais importante que tínhamos pela frente era a previdenciária. Conduziu com êxito exemplar. Temos agora a lei da liberdade econômica. Muitas coisas estão vindo aí. O Brasil está mudando com o comando do Paulo Guedes obviamente na questão econômica".

Bolsonaro classificou a fala do ministro como o exercício da liberdade de expressão. Segundo ele, o ministro e seu filho, deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) citaram o Ato Institucional 5, editado em 13 de dezembro de 1968, apenas como uma expressão, no contexto de eventuais manifestações se transformarem em ações violentas.

Entre outras medidas, o AI-5 fechou o Congresso e suspendeu o habeas corpus no país.

"[A fala do] Paulo Guedes e Eduardo [Bolsonaro], foi num contexto de descambar o Brasil aqui não para movimentos sociais reivindicatórios, mas para algo parecido com terrorismo, como vem acontecido no Chile. Falaram no meu entender... Podiam ter usado outra expressão, não o AI-5", disse o presidente, que criticou a dimensão dada às falas do ministro e de seu filho:

"Não vejo por que tanta pressão em cima dos dois por causa disso aí. Houve no Congresso sessão solene para Che Guevara, para tanta gente que no passado tinha conduta completamente diferente, antidemocrática, da nossa. E nada aconteceu. Agora, pediram até a cabeça do Paulo Guedes para mim, quando ele falou no contexto de o Brasil descambar para movimentos que passavam ao largo de serem sociais, reivindicatórios, que é legítimo por parte da população".

Na mesma entrevista, Bolsonaro negou que a decisão do governo dos Estados Unidos de retomar as tarifas aplicadas ao aço e ao alumínio brasileiro vá estremecer a relação entre os dois países.

A medida foi anunciada, por meio do Twitter, pelo presidente Donald Trump, que acusou o Brasil e a Argentina de desvalorizarem em demasia suas moedas.

 

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