Economia

Bolsonaro fala em incluir carros e açúcar em união aduaneira do Mercosul

"Não queremos uma união aduaneira pela metade", afirmou o presidente sobre as prorrogações dos regimes especiais no Mercosul

Mercosul: Bolsonaro voltou a criticar a Venezuela durante discurso na cúpula na Argentina (Alan Santos/PR/Flickr)

Mercosul: Bolsonaro voltou a criticar a Venezuela durante discurso na cúpula na Argentina (Alan Santos/PR/Flickr)

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Reuters

Publicado em 17 de julho de 2019 às 15h12.

Última atualização em 17 de julho de 2019 às 15h40.

O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quarta-feira que o Brasil, que ocupa a presidência rotativa do Mercosul, irá trabalhar para incluir os setores automotivo e o de açúcar na união aduaneira.

"Trabalharemos para incluir finalmente os automóveis e o açúcar na união aduaneira... é injustificável que ainda não haja um entendimento entre nós", disse Bolsonaro em discurso na cúpula do bloco, em Santa Fé, na Argentina.

"Atuaremos de igual maneira pelo fim das repetidas prorrogações dos regimes especiais", acrescentou. "Ou as tarifas são comuns ou não são, não queremos uma união aduaneira pela metade."

Bolsonaro voltou a defender que nenhum país sul-americano trilhe o caminho da Venezuela — país que vive uma crise econômica, política e social —e fez um apelo pelo que chamou de voto responsável nas eleições majoritárias, citando especificamente a Argentina, que terá eleição presidencial em outubro.

"Sem viés ideológico"

Bolsonaro disse que o acordo com a União Europeia representa "resultado concreto" de uma nova orientação do bloco, sem viés ideológico. "Quero aproveitar ocasião para firmar o compromisso do governo para modernização e abertura do bloco. Sem viés ideológico, que tanto critiquei enquanto parlamentar. Vencemos essa barreira", afirmou.

Bolsonaro disse que quer trabalhar para um Mercosul "mais enxuto e dinâmico" e que pretende, como novo presidente pró-tempore do bloco, continuar com o trabalho argentino de extinguir comissões que estão obsoletas.

O presidente afirmou que, externamente, o Brasil quer, à frente do Mercosul, dar prosseguimento aos fechamentos de acordos com outros países. A posição do presidente brasileiro foi endossada pelo chefe de Estado argentino, Mauricio Macri. "Acordo com União Europeia não é ponto de chegada, é ponto de partida", disse. Nos últimos dias, os técnicos dos quatro países do bloco sinalizaram que há acordos já engatilhados com a Associação Europeia de Livre Comércio (Efta, na sigla em inglês) e com o Canadá.

Já internamente, entre os membros do Mercosul, Bolsonaro disse que quer se dedicar "a fazer uma união aduaneira" e à modernização de regulamentos sobre comercialização de bens e serviços. "Trabalharemos para incluir automóveis e açúcar na união aduaneira dentro do Mercosul", afirmou.

Eleições na Argentina

O presidente Jair Bolsonaro voltou a criticar o governo venezuelano. Em discurso no plenário da cúpula, Bolsonaro disse que não quer para nenhum outro país da América do Sul o que hoje vem acontecendo com a Venezuela. E aproveitou para sinalizar pela eleição de Maurício Macri na Argentina, que disputa com Cristina Kirchner.

"Não queremos nem mais em nenhum outro país da América do Sul o que vem acontecendo com a nossa Venezuela. Pedimos a Deus que nos dê inteligência para que o futuro da Venezuela seja esse nosso hoje, de democracia. Como pode uma país tão rico chegar onde chegou? E a gente sabe como nasceu, o populismo e a irresponsabilidade e um projeto de poder que não tinha limites", disse, completando: "A responsabilidade do voto é de cada um de nós, para aquele que tem compromisso com liberdade, democracia e prosperidade possa ocupar o cargo na nação. Não há mais espaço para governos autoritários".

Ele ainda afirmou que não deseja que os países da América do Sul formem uma única "pátria grande". "Queremos países autônomos e democráticos", disse.

"Então a gente sempre pede a Deus, mas apela às pessoas de bem de todos os países, em especial na Argentina porque estou aqui hoje, a responsabilidade do voto de cada um de nós para que aquele que realmente tenha compromisso com a liberdade, com a democracia e com a prosperidade possa ocupar esse cargo majoritário na sua respectiva nação."

O presidente argentino, Mauricio Macri, é candidato à reeleição em outubro e Bolsonaro tem criticado a possibilidade da ex-presidente Cristina Kirchner, candidata a vice em outra chapa e que foi alinhada aos governos petistas no Brasil, voltar ao poder.

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