Economia

Bolsonaro encontra Temer com uma pauta na mira: Previdência

Equipe do futuro presidente faz pressão para que Congresso vote reforma ainda este ano

BOLSONARO E TEMER: desafio é convencer o atual presidente que aprovar a Previdência agora é o melhor para o seu governo, e não para o próximo  / REUTERS/Adriano Machado

BOLSONARO E TEMER: desafio é convencer o atual presidente que aprovar a Previdência agora é o melhor para o seu governo, e não para o próximo / REUTERS/Adriano Machado

DR

Da Redação

Publicado em 7 de novembro de 2018 às 06h41.

Última atualização em 7 de novembro de 2018 às 11h55.

O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) tem reunião nesta quarta-feira com o atual ocupante do Planalto, Michel Temer (MDB). O encontro entre atual e futuro comandantes do executivo, que costuma ter ar protocolar, ganhou importância com os renovados debates sobre a reforma da Previdência.

Ontem, em visita ao congresso para uma cerimônia em homenagem aos 30 anos da Constituição, Bolsonaro e sua equipe travaram uma disputa com deputados e senadores para ver quem fala mais grosso sobre o tema. O presidente eleito confirmou que tratará da Previdência na reunião marcada com Temer para hoje, repetindo declarações anteriores de ter esperança de que a reforma em análise seja aprovada ainda este ano. O economista Paulo Guedes, mais enfático, falou em dar “uma prensa” no Congresso para que aprove o atual texto em discussão. Foi alvo de críticas de deputados e senadores.

Para Bolsonaro e sua equipe, forçar a mão para uma aprovação agora tem, claro, uma série de vantagens. Seria como começar o jogo do próximo mandato já ganhando de um a zero, sem o desgaste de negociar com o legislativo e sem a perda estimada de um ano para recomeçar os trâmites do projeto. Segundo Guedes, a aprovação prévia da reforma traria um crescimento de 3,5% ao PIB no ano que vem.

Adversários do presidente eleito, porém, afirmam que o problema é mais de fundo: falta consenso em sua equipe sobre que reforma da Previdência, afinal, Bolsonaro defende. Há pelo menos quatro modelos de reforma em análise pela equipe do futuro presidente.

Guedes é defensor do regime de capitalização, em que a aposentadoria fica a cargo da poupança de cada trabalhador, num modelo inspirado na reforma chilena aprovada em 1981. Alvo de intensas críticas pelos trabalhadores, o texto chileno está sendo revisto pelo governo para que empregadores passem a contribuir com uma parcela sobre a folha de pagamento de seus funcionários. Em entrevista esta semana, Bolsonaro afirmou ter desconfianças quanto ao modelo de capitalização.

O texto atual proposto pelo governo Temer, com idade mínima 65 para os homens e 62 para as mulheres, geraria uma economia na casa dos 500 bilhões de dólares. Paulo Guedes disse à Folha que não é o ideal, mas “se puder aprovar o bom agora, aprova”.

Político conhecido pelo bom trato com o Legislativo, Temer não há de se dobrar a pressões na reta final de seu mandato. A ver se o futuro presidente, com 28 anos de bagagem parlamentar, consegue convencê-lo de que aprovar a previdência agora é o melhor não só para o futuro, como também para o atual governo.

Acompanhe tudo sobre:Exame HojeJair BolsonaroMichel TemerReforma da Previdência

Mais de Economia

AGU pede revisão de parte da decisão de Dino que liberou emendas

Câmara adia votação do pacote de corte de gastos após impasse com STF por emendas

Reforma tributária: após reunião com Haddad, Braga diz que trabalha para fechar relatório até amanhã

Ceron: idade mínima para reserva de militares está em “revisão” e isenção do IR fica para 2025