Economia

Bolsonaro comemora cota adicional de 80 mil toneladas de açúcar aos EUA

No entanto, fontes do setor privado afirmam que esse tipo de concessão é comum e resulta de sobras não aproveitadas por outros países

Bolsonaro: presidente tratou a notícia como uma vitória (Marcos Correa/Flickr)

Bolsonaro: presidente tratou a notícia como uma vitória (Marcos Correa/Flickr)

AO

Agência O Globo

Publicado em 21 de setembro de 2020 às 21h34.

O presidente Jair Bolsonaro anunciou, em uma rede social, que os Estados Unidos darão ao Brasil uma quota adicional de 80 mil toneladas de açúcar no mercado americano.

Bolsonaro tratou a notícia como uma vitória e o primeiro resultado de uma negociação que começou há dez dias entre os dois países, após os EUA se beneficiarem, sem contrapartida, da renovação de uma quota de 187,5 milhões de etanol que poderão entrar no mercado brasileiro, sem imposto de importação, até dezembro deste ano

"Trata-se do primeiro resultado das recém-abertas negociações Brasil-EUA para o setor de açúcar e álcool, conduzidas no Brasil pelo MRE (Ministério das Relações Exteriores) e nos EUA pelo USTR (Escritório de Comércio dos EUA)", festejou o presidente.

"A quota para o açúcar brasileiro nos EUA passa de 230 para 310 mil toneladas e, por lei, beneficiará exclusivamente os produtores do Nordeste", completou Bolsonaro, dando um tom político ao anúncio.

Apesar da comemoração, a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) negou que a concessão tenha sido um avanço para o Brasil. Segundo a entidade, trata-se de um procedimento normal adotado pelos EUA nos últimos anos, para suprir os volumes de países que não conseguem vender a quantidade prevista para o mercado americano. Ou seja, seria o aproveitamento de sobras de outros fornecedores que não atingiram suas respectivas quotas.

Em nota, a Unica destacou que a quota adicional anunciada pelo Escritório de Comércio dos EUA representa apenas 0,3% das exportações brasileiras de açúcar nos últimos anos, "consideravelmente inferior à cota mensal de etanol que o Brasil ofereceu novamente aos EUA em setembro". A entidade defendeu que as discussões entre os dois países avancem em direção à ampliação de uma quota maior, "a partir de resultados permanentes e concretos, condizentes com a concessão feita pelo Brasil nos últimos anos para o etanol americano".

O assessor para assuntos internacionais da Presidência da República, Filipe Martins, informou, também em uma rede social, que coube secretário de Comércio americano, Robert Lighthizer, anunciar a quota adicional. Ele destacou que, com a ampliação de 34,7% da quantidade exportada para os EUA, a medida representa um "importante símbolo promissor dessas negociações".

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