Economia

Bolsonaro apoia projetos da equipe econômica, diz Guedes

O ministro da Economia afirmou que a ajuda aos Estados e municípios será de 120 bilhões a 130 bilhões de reais

Guedes: "Presidente tem me apoiado nos programas", afirmou o ministro (Ueslei Marcelino/Reuters)

Guedes: "Presidente tem me apoiado nos programas", afirmou o ministro (Ueslei Marcelino/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 29 de abril de 2020 às 09h01.

Última atualização em 29 de abril de 2020 às 13h02.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, destacou nesta quarta-feira, 29, que conta com apoio do presidente Jair Bolsonaro para implementar os projetos formulados pela equipe econômica. "Sigo com a mesma energia e determinação para obter os melhores resultados, o presidente tem me apoiado nos programas. As hipóteses que eu trabalho têm se mantido", completou.

Em videoconferência com lideranças do setor varejista, Guedes voltou a dizer que o Congresso é reformista e tem votado os projetos mais importantes do governo.

Após Bolsonaro ter demonstrado apoio incondicional a Guedes nesta semana, o ministro reclamou da forma como a imprensa retrata o presidente que, segundo ele, só tem vontade de acertar. "A mídia tem que ver o outro lado do presidente, e o presidente também tem que ver outro lado da mídia", afirmou.

Guedes voltou a dizer que a economia brasileira estava "em decolagem" no primeiro trimestre de 2020 quando foi atingida pela crise decorrente da pandemia do novo coronavírus. Para ele, o IBGE deve revisar o crescimento do ano passado para entre 1,3% e 1,4%. "Em 2019 estávamos no mesmo ritmo de anos anteriores, aprovamos a Previdência e quando começamos os acordos comerciais o mundo foi atingido", afirmou.

Guedes fez menção a uma estimativa de queda do Produto Interno Bruto (PIB) de 6% este ano, sem especificá-la, mas ponderou que o cálculo pressupunha que uma contração de 2% viria somente pelo choque externo por conta da crise, sendo que esse efeito ainda não apareceu.

Segundo o ministro, as quedas nas exportações para Estados Unidos, Argentina e, em menor grau, para a Europa estão sendo compensadas pelo aumento das exportações do agronegócio para Ásia, particularmente China.

"É inegável que o isolamento social começa a desarticulação da economia, a velocidade de saída da crise vai depender de mantermos os sinais vitais", disse ele, frisando a importância da safra, do escoamento da produção e da manutenção da cadeia de pagamentos na economia.

PAC

Um programa para acelerar a economia por meio de grandes obras públicas já foi tentado e não deu certo, avaliou o ministro da Economia, Paulo Guedes, frisando que é o investimento privado que alavancará o Produto Interno Bruto (PIB).

"O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) já deu errado, você já cavou o buraco, solução não pode ser cavar mais fundo", disse ele nesta quarta-feira, em conversa virtual promovida pelo Mercado & Consumo.

"Pode até ter um ministério ou outro que tem ideia dessa, mas não encaixa", completou.

Ajuda aos estados e municípios

Guedes disse que a ajuda direta da União a estados e municípios será de 120 bilhões a 130 bilhões de reais e que sairá em breve, com o texto sendo formatado pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

Em conversa virtual promovida pelo Mercado & Consumo, Guedes afirmou que Alcolumbre, relator do projeto, apoiou a intenção do governo de promover o congelamento dos salários do funcionalismo por 18 meses como contrapartida à injeção de recursos aos entes subnacionais.

"Se vamos mandar 120, 130 bilhões em alta velocidade para estados e municípios, esse dinheiro não pode virar aumento de salário", disse.

O ministro avaliou que o país parece estar resistindo bem ao impacto inicial da crise do coronavírus no mercado de trabalho. Segundo Guedes, com as medidas do governo que permitiram a negociação de jornada e salários, a estimativa é de que 4,3 milhões de empregos foram preservados.

Câmbio

O ministro afirmou também que o governo está deixando o câmbio ir para o lugar real, de equilíbrio, e que isso ajuda a proteger a indústria.

Ele voltou a dizer que o modelo não é mais de juros básicos altos com câmbio baixo, mas sim de juro baixo com câmbio "em cima".

"O aperto é fiscal e deixa mais solto o monetário", disse o ministro, acrescentando que os juros estão "baixíssimos", mas podem descer mais.

"Brasil nunca viu isso, juros abaixo de 3%", afirmou.

Competição

O ministro da Economia defendeu ainda que haja maior competição "no andar de cima" da economia, citando grandes bancos e empreiteiras. "Queremos ganhos de produtividade, com livre mercado, para aumentar os salários. Isso que vai dar segurança para os trabalhadores. Não queremos dar chuveirinho de dinheiro, como fizemos com o FGTS", afirmou.

Para Guedes, não faltam dinheiro, trabalhadores e recursos naturais no mundo. "São trilhões de dólares sendo mal remunerados, boa parte a juros negativos. O que faltam são empreendedores. Às vezes existem fortunas feitas em Brasília, com pedidos de favores oficiais. Os empresários precisam criar produtos e empregos, e ajudar a criar um mercado de massa", acrescentou.

Segundo o ministro, os empresários também têm de adotar medidas extraordinárias por causa da pandemia de covid-19. "Precisamos de vocês empresários fazendo testes semanais nos funcionários. Não estou defendendo que voltem todos ao trabalho, mas que isso seja feito com segurança", completou.

Guedes voltou a chamar a opinião pública de "quarto poder". "A mídia é a melhor ferramenta para auxiliar democracia, as opiniões ajudam Congresso, onde tem muita gente querendo aprovar reformas para ajudar o Brasil. O quarto poder é a opinião pública, essa é a força da democracia. O povo que tem que dizer o que o governo deve fazer", concluiu.

Assista ao vídeo completo:

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