Boletim Focus: após ata do Copom, mercado prevê corte maior na Selic em 2023
A mediana para os juros básicos no fim de 2023 baixou de 12,25% para 12,00% ao ano. Para o término de 2024, a expectativa, por sua vez, se manteve em 9,50%. Há um mês, as estimativas eram de 12,50% e 10,00%, nessa ordem
Agência de notícias
Publicado em 3 de julho de 2023 às 09h20.
Última atualização em 3 de julho de 2023 às 09h21.
Após oBanco Central"abrir a porta" para um corte de juros em agosto e a meta inflacionária ser mantida em 3,0% pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a expectativa para a taxa Selic no fim deste ano caiu no Boletim Focus. Atualmente, a Selic está em 13 75% ao ano.
A mediana para os juros básicos no fim de 2023 baixou de 12,25% para 12,00% ao ano. Para o término de 2024, a expectativa, por sua vez, se manteve em 9,50%. Há um mês, as estimativas eram de 12,50% e 10,00%, nessa ordem.
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Considerando apenas as 90 respostas dos últimos cinco dias úteis a mediana para o fim de 2023 também cedeu de 12,25% para 12 00%. Para o fim de 2024, continuou em 9,50%, com 88 atualizações na última semana.
Na ata do Comitê de Política Monetária (Copom) de junho, o BC expôs que a maioria do colegiado já vê condições para uma queda de juros na próxima reunião, em agosto, se o processo desinflacionário e de reancoragem de expectativas continuar.
Em entrevista coletiva após o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), o presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse que o comunicado, na avaliação do colegiado, já tinha deixado essa "porta aberta", apesar de o texto não ter trazido sinalização clara sobre o assunto.
Com a decisão do CMN de fixar em 3,0% a meta de inflação de 2026 na semana passada, mesmo patamar mantido em 2024 e 2025, as expectativas inflacionárias tiveram nova rodada de descompressão hoje na Focus.
O boletim ainda mostrou que a projeção para a Selic no fim de 2025 continuou em 9,00%, mesma mediana de quatro semanas atrás. Já a projeção para a Selic no fim de 2026 cedeu de 8,75% para 8 63%, de 9,00% um mês antes.
Projeção da inflação no Focus
Com a meta de inflação mantida em 3,0% de 2024 a 2026, as expectativas inflacionárias voltaram a cair no Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 3, especialmente em prazos mais longos, que tiveram recuo significativo.
Para este ano, a expectativa para o IPCA - índice de inflação oficial - na Focus caiu de 5,06% para 4,98%. Um mês antes, a mediana era de 5,69%. Para 2024, foco da política monetária, a projeção cedeu de 3,98% para 3,92%. Há um mês, era de 4,12%.
Considerando somente as 81 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para 2023 variou de 4,98% para 4 92%. Para 2024, por sua vez, a projeção de alta caiu de 3,94% para 3,90%, considerando 79 atualizações no período.
Nos horizontes mais longos, a mediana para o IPCA de 2025 recuou 0,20 ponto porcentual de uma só vez, de 3,80% para 3,60%. Da mesma forma, houve queda na estimativa significativa para 2026, de 3,72% para 3,50%. Há um mês, ambas as projeções eram de 4 00%.
Na semana passada, o Conselho Monetário Nacional (CMN) fixou a meta inflacionária de 2026 em 3,0%, com intervalo de tolerância de 1,5% a 4,5%, assim como nos anos de 2024 e 2025. Para este ano, o alvo central é de 3,25%, com piso de 1,75% e teto de 4 75%.
Com a manutenção do patamar de 3,0%, se encerra uma dúvida que trazia ansiedade ao mercado financeiro desde o início do ano, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva levantou questionamentos sobre se esse nível seria adequado à economia brasileira. A incerteza sobre o tema era apontada pelo Banco Central como principal fator a explicar a desancoragem das expectativas de inflação em prazos longos, como 2025 e 2026.
Mesmo com a queda, as projeções do Boletim Focus continuam acima da meta. Para 2023, a mediana ainda indica estouro do objetivo a ser perseguido pelo BC pelo terceiro ano consecutivo, depois de 2021 e 2022. Nos outros anos, as expectativas estão dentro do intervalo, mas superam o alvo central de 3,0%. Atualmente, as projeções do BC para o IPCA são de 5,0% em 2023, 3,4% em 2024 e 3,1% em 2025.
Os economistas do mercado financeiro aprofundaram marginalmente a expectativa de deflação no IPCA de junho após o IPCA-15 do mês conforme o Boletim Focus. A mediana passou de recuo de 0,09% para queda de 0,10%. Há um mês, a expectativa era de aumento de 0,30%.
Para o IPCA de julho, a estimativa cedeu de 0,30% para 0,26%, contra a mediana de 0,34% um mês antes. Para agosto, por sua vez a previsão para o indicador subiu de 0,22% para 0,25%, de 0,23% há quatro semanas.
A expectativa para a inflação suavizada para os próximos 12 meses também avançou levemente, de 4,16% para 4,18%, de 4,60% há um mês.