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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h53.
A produção de biocombustíveis como o álcool combustível (etanol) e o biodiesel ainda é pequena, quando comparada com a de combustíveis fósseis. Mas o volume cresce a taxas aceleradas, a ponto de começar a incomodar as grandes companhias petrolíferas. Nos Estados Unidos, o álcool derivado do milho avança 30% ao ano. Os chineses estão construindo a maior fábrica de álcool do mundo e já planejam uma segunda, nos mesmos portes. A forte demanda pelos biocombustíveis tem uma explicação simples: são mais baratos que as opções convencionais.
As companhias petrolíferas não estão contentes em ver os postos de gasolina vendendo abertamente um combustível alternativo. Mas o movimento pró-biodiesel está crescendo, segundo reportagem da revista britânica The Economist. Os ambientalistas americanos, por exemplo, pressionam pela adoção. Em alguns estados, a lei os apóia, ao exigir que a redução da emissão de poluentes, por meio de aditivos aos combustíveis fósseis.
O movimento é engrossado pelos plantadores de milho, que vislumbram um grande mercado caso o etanol se popularize. No ano passado, os americanos produziram 255 milhões de toneladas de milho, dos quais, 30 milhões foram usados na fabricação de álcool. A pressão dos produtores está despertando o interesse dos políticos. Alguns estados, como Minnesota, já exigem que os combustíveis sejam uma mistura de 10% de álcool e 90% de gasolina comum. Os legisladores da região analisam, agora, a possibilidade de aumentar a proporção para 20%.
Além disso, uma lei federal, apresentada em março, propõe que os Estados Unidos elevem seu consumo de biocombustíveis para 30 bilhões de litros até 2012. No ano passado, o país produziu cerca de 13 bilhões de litros de biocombustível e as previsões para 2005 são de 16,6 bilhões.
Concorrência
Apesar do avanço da produção, os especialistas ainda têm dúvidas sobre a competitividade do álcool e do biodiesel, frente aos combustíveis fósseis. Segundo The Economist, caso o barril do petróleo mantenha-se nos atuais patamares de 50 dólares, os biocombustíveis passarão a ser uma opção cada vez mais atraente.
O problema, segundo a revista, é que nem todos os países são competitivos na fabricação desee produto. Na Europa, por exemplo, os produtores ainda não têm condições de competir com os combustíveis fósseis sem subsídios governamentais. De acordo com o presidente da espanhola Abengoa, especializada em biodiesel, somente se o barril do petróleo alcançar a faixa dos 70 dólares, a produção de biocombustível não subsidiada será competitiva. Nos Estados Unidos, porém, as condições começam a se emparelhar já com o barril de petróleo na casa dos 50 dólares.
Para The Economist, o Brasil é atualmente o país com maior potencial de exportação do álcool combustível. Com uma produção esperada de 16 bilhões de litros para 2005, os brasileiros conseguem um custo de produção 50% menor que os americanos. Já os europeus só conseguem oferecer seu produto a preços 150% superiores aos do Brasil. Segundo a revista, os brasileiros precisam se apressar para aproveitar a essa vantagem comparativa. A tecnologia de fabricação do biodiesel está se desenvolvendo rapidamente em outros países, o que tende a reduzir a competitividade do Brasil já nos próximos anos.