Economia

BCE pode debater redução de pacote emergencial na próxima semana

Banco deverá focar em ferramentas que ajudem a instituição a atingir a meta de inflação de 2% de forma sustentável, afirmou Robert Holzmann, integrante do Conselho Geral do BCE

 (Ralph Orlowski/Reuters)

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Bloomberg

Publicado em 1 de setembro de 2021 às 07h30.

Por Jana Randow, Carolynn Look e Márton Éder, da Bloomberg

O Banco Central Europeu deve começar a debater a retirada gradual do estímulo implementado na pandemia e focar em ferramentas que ajudem a instituição a atingir a meta de inflação de 2% de forma sustentável, afirmou Robert Holzmann, integrante do Conselho Geral do BCE.

A economia da Zona do Euro de modo geral está se recuperando como esperado, permitindo que as autoridades considerem desacelerar as compras de títulos no âmbito do programa emergencial, disse ele durante entrevista em Alpbach, na Áustria, nesta terça-feira. Gargalos nas cadeias de suprimentos que atrapalham a produção industrial dificilmente irão prejudicar a recuperação econômica.

“Estamos agora em uma situação em que podemos pensar sobre como reduzir os programas especiais de pandemia — acho que compartilhamos essa avaliação”, afirmou Holzmann, que também comanda o banco central da Áustria. Ele participará da reunião do Conselho Geral na semana que vem. “Nós teremos a oportunidade de discutir como podemos concluir a parte da pandemia e focar na parte da inflação.”

Enquanto o Federal Reserve dos EUA e o Banco da Inglaterra sinalizaram a intenção de desmontar gradualmente os programas de ajuda implementados durante a crise, o BCE manteve-se fiel à postura de flexibilidade para acolher a frágil recuperação da Europa.

Mas com a retomada ganhando fôlego, o BCE terá que discutir se ignora um recente aumento da inflação. Este mês, os preços ao consumidor tiveram a maior alta em uma década. Autoridades argumentam que o avanço é temporário e seguem com a difícil tarefa de atingir a meta de 2% no médio prazo.

O BCE acelerou o ritmo de compras emergenciais de títulos no segundo trimestre para lidar com apostas prematuras de investidores de que a instituição estava prestes a iniciar a reversão do estímulo monetário.

“Se tiver pessoas o suficiente com a mesma opinião que eu, certamente iremos recomendar que a Comissão Executiva desacelere as compras no quarto trimestre e mais no primeiro” trimestre, disse Holzmann. “Vamos gastar o que for necessário.”

A redução do volume ou das compras significa que o BCE dificilmente esgotará o pacote total de 1,85 trilhão de euros (US$ 2,2 trilhões).

O BCE prometeu em julho que não subiria os juros até ter em vista um ritmo sustentável de inflação de 2% ao ano. As autoridades mantiveram uma promessa anterior de continuar comprando títulos até pouco antes do primeiro acréscimo de juros.

O Conselho Geral do BCE deve desvincular sua orientação sobre compras de ativos da trajetória futura dos juros, afirmou Holzmann. Este já era “um sentimento comum” na reunião de julho, acrescentou.

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