Economia

BCE: economia americana seria afetada por guerra comercial generalizada

"O cenário de uma guerra comercial mundial terá um efeito dramático", disse Roberto Azevêdo, diretor geral da OMC

NOTAS DE DINHEIRO: Segundo BCE, o crescimento econômico dos Estados Unidos poderia cair mais de 2% no primeiro ano após o início de uma guerra comercial (Thomas White/Reuters)

NOTAS DE DINHEIRO: Segundo BCE, o crescimento econômico dos Estados Unidos poderia cair mais de 2% no primeiro ano após o início de uma guerra comercial (Thomas White/Reuters)

A

AFP

Publicado em 26 de setembro de 2018 às 08h44.

O crescimento econômico dos Estados Unidos poderia cair mais de 2% no primeiro ano após o início de uma guerra comercial em todos os níveis por Washington, alertou o Banco Central Europeu (BCE).

A análise se une às opiniões do presidente do BCE, Mario Draghi, e do diretor geral da Organização Mundial do Comércio, Roberto Azevêdo, que alertaram sobre o avanço do protecionismo, mas não chegaram a quantificar seu impacto.

A instituição responsável pela administração do euro simulou o efeito que tarifas recíprocas de 10% adotadas pelos Estados Unidos e seus sócios comerciais teriam sobre o conjunto das importações, um cenário muito mais sombrio que o sugerido até agora pelo presidente Donald Trump.

Os efeitos das medidas protecionistas desta natureza afetariam o comércio internacional e a confiança dos mercados financeiros, com o aumento do custo do endividamento dos Estados e uma queda dos mercados financeiros, de até 16% no caso de Wall Street.

A análise mostra que "a atividade econômica dos Estados Unidos poderia ser 2% inferior a partir do primeiro ano", indica o BCE em um artigo que será publicado em seu boletim econômico mensal.

A situação do "pior cenário possível" também leva em consideração uma contração de quase 3% do comércio mundial, perda de empregos e queda do nível de vida, adverte a instituição.

As tarifas mais elevadas poderiam reduzir o poder aquisitivo das famílias e provocar uma desaceleração do consumo e dos investimentos.

No entanto, as medidas poderiam ter o efeito positivo de deslocar a demanda para os produtos de origem nacional, reduzindo assim as importações.

A disputa entre Estados Unidos e China também poderia, durante algum tempo, ser benéfica para o país asiático, que venderia mais produtos para outros países em detrimento dos exportadores americanos.

Em termos globais, o golpe na confiança em caso de guerra comercial geral produziria "um impacto significativo e mais amplo na produção", com a queda na economia mundial de 0,75% no primeiro ano.

"O cenário de uma guerra comercial mundial terá um efeito dramático", afirmou na terça-feira em Berlim o brasileiro Roberto Azevêdo, diretor geral da OMC.

Washington lança um "desafio aos princípios fundamentais" do comércio mundial e à comunidade internacional deve reagir, insistiu.

Acompanhe tudo sobre:BCEChinaEstados Unidos (EUA)Guerras comerciaisProtecionismo

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor